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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Liturgia do dia 03 de Agosto de 2011


Quarta-Feira da 18ª STC - Ano A - Dia 03/08/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Desprezaram uma terra de delícias
Leitura do Livro dos Números 13,1-2.25-14,1.26-30.34-35: Naqueles dias, 1 o Senhor falou a Moisés, no deserto de Fará, dizendo: 2a “Envia alguns homens para explorar a terra de Canaã, que vou dar aos filhos de Israel. Enviarás um homem de cada tribo, e que todos sejam chefes”. 25 Ao fim de quarenta dias, eles voltaram do reconhecimento do país, 26 e apresentaram-se a Moisés, a Aarão e a toda a comunidade dos filhos de Israel, em Cades, no deserto de Fará. E, falando a eles e a toda a comunidade, mostraram os frutos da terra, 27 e fizeram a sua narração, dizendo: "Entramos no país, ao qual nos enviastes, que de fato é uma terra onde corre leite e mel, como se pode reconhecer por estes frutos. 28 Porém, os habitantes são fortíssimos, e as cidades grandes e fortificadas. Vimos lá descendentes de Enac; 29 os amalecitas vivem no deserto do Negueb; os hititas, jebuseus e amorreus, nas montanhas; mas os cananeus, na costa marítima e ao longo do Jordão". 30 Entretanto Caleb, para acalmar o povo revoltado, que se levantava contra Moisés, disse: "Subamos e conquistemos a terra, pois somos capazes de fazê-lo". 31 Mas os homens que tinham ido com ele disseram: "Não podemos enfrentar esse povo, porque é mais forte do que nós". 32 E, diante dos filhos de Israel, começaram a difamar a terra que haviam explorado, dizendo: "A terra que fomos explorar é uma terra que devora os seus habitantes: o povo que ai vimos é de estatura extraordinária. 33 Lá vimos gigantes, filhos de Enac, da raça dos gigantes; comparados com eles parecíamos gafanhotos". 14,1 Então, toda a comunidade começou a gritar, e passou aquela noite chorando. 26 O Senhor falou a Moisés e Aarão, e disse: 27 "Até quando vai murmurar contra mim esta comunidade perversa? Eu ouvi as queixas dos filhos de Israel. 28 Dize-lhes, pois: 'Por minha vida, diz o Senhor, juro que vos farei assim como vos ouvi dizer! 29 Neste deserto ficarão estendidos os vossos cadáveres. Todos vós que fostes recenseados, da idade de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim, 30 não entrareis na terra na qual jurei, com mão levantada, fazer-vos habitar, exceto Caleb, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. 34 Carregareis vossa culpa durante quarenta anos, que correspondem aos quarenta dias em que explorastes a terra, isto é, um ano para cada dia; e experimentareis a minha vingança. 35 Eu, o Senhor, assim como disse, assim o farei com toda essa comunidade perversa, que se insurgiu contra mim: nesta solidão será consumida e morrerá"'.  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Desprezaram uma terra de delícias
Chega o momento de se alcançar a “terra onde corre leite e mel (versículo 27), isto é, o ideal de todo um projeto de libertação. Aí, a análise da realidade (exploração do país) vai demonstrar que as coisas não são tão simples como se pode imaginar. Será preciso enfrentar os cananeus que dominam essa terra. Eles são fortes e parecem invencíveis (gigantes, cidades grandes e fortificadas). Então, o próprio objetivo a ser alcançado é minimizado ou falsificado: desprezar e denegrir o ideal é a maneira mais fácil de fugir da luta ou evitar que ela seja desencadeada. Sob a capa desse desprezo e fuga se esconde a covardia. No processo de libertação, as incertezas provocam uma série de tentações: voltar às seguranças concedidas e prometidas pelo opressor, desistir no meio da caminhada e renegar os verdadeiros líderes, esquecer as conquistas já conseguidas, queimar etapas para chegar mais depressa ao objetivo, desprezar o ideal da libertação, fazer separação entre a religião e os problemas concretos. Tudo isso faz com que o projeto se torne muito mais difícil e seja retardado por gerações inteiras. No deserto o povo é por demais inerte, não colabora com Deus, procede a seu modo e é infiel à aliança. É causador dos próprios males que, entretanto, imputa a Deus. A severa punição de Deus consiste simplesmente em deixá-los em sua inércia: aterrorizados com os espantalhos dos exploradores, não ousarão prosseguir viagem rumo à terra prometida e morrerão no deserto, até que surjam novas gerações, jovens, animosas, mas confiantes em Deus, que hão de colaborar em sua obra.“Ajuda-te que Deus te ajuda” é um provérbio sábio. É necessário confiar em Deus e agir: as duas coisas juntas, não uma sem a outra (cf. 1Cor 15,10). Muitas vezes, em face de situações graves, de provações, quereremos tornar atrás, resignados com pouco, a fim de não ter de enfrentar a luta. Contamos só com nossas forças e estas falham: tememos obstáculos e inimigos hipotéticos, e eis-nos bloqueados! Confiemos em Deus!

Salmo Responsorial - 105(106),6-7a.13-14.21-22.23   (R. 4a)
R. Lembrai-vos de nós, ó Senhor, segundo o amor para com vosso povo!
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
6 Pecamos como outrora nossos pais, praticamos a maldade e fomos ímpios; 7a no Egito nossos pais não se importaram com os vossos admiráveis grandes feitos.    (R)
13 Mas bem depressa esqueceram suas obras, não confiaram nos projetos do Senhor. 14 No deserto deram largas à cobiça, na solidão eles tentaram o Senhor.  (R)
21 Esqueceram-se do Deus que os salvara, que fizera maravilhas no Egito; 22 no país de Cam fez tantas obras admiráveis, no mar Vermelho, tantas coisas assombrosas.   (R)
23 Até pensava em acabar com sua raça, não se tivesse Moisés, o seu eleito, interposto, intercedendo junto a ele, para impedir que sua ira os destruísse.   (R)

Comentário: A história testemunha a infidelidade do homem
Recordação da história em forma de súplica coletiva, usada talvez numa celebração penitencial pública. A história é considerada de forma pessimista, porque se leva em conta a infidelidade do povo, relembrada em sete pecados capitais
Este salmo tem eu seu começo, um estilo de hino, que dá logo lugar à súplica, na qual a geração presente se solidariza com as passadas, reconhecendo a própria responsabilidade nas infidelidades cometidas. Os versículos 19-23 é o quarto pecado: a idolatria, que não consiste apenas em adorar ídolos, mas principalmente em transformar Deus num ídolo, a fim de manipular com interesses egoístas (Ex 32). Em vez de seguir o projeto de Deus, o povo se deixou fascinar e contaminar com os projetos dos opressores. O pecado de servir a deuses estrangeiros é castigado com a escravidão. Apesar de todas as infidelidades do seu povo, Deus não o abandona. Quando este clama, ele está sempre pronto para o libertar.

Aclamação ao Evangelho Lc 7,16
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo, aleluia.    (R)

Evangelho: Mulher, grande é a tua fé!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 15,21-28: Naquele tempo, 21 Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22 Eis que uma mulher cananéia, vindo daquela região, pôs se a gritar: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!" 23 Mas Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: "Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós". 24 Jesus respondeu: "Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel". 25 Mas a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus e começou a implorar: "Senhor, socorre-me!" 26 Jesus lhe disse: "Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos". 27 A mulher insistiu: "É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!" 28 Diante disso, Jesus lhe disse: "Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!" E desde aquele momento sua filha ficou curada.  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Quem são as ovelhas perdidas?
A salvação trazida por Jesus não é privilégio de um povo determinado, mas é para todos os que acreditam nele e na sua missão, mesmo que sejam considerados como cães, isto é, estrangeiros. Não é mais a raça e o sangue que unem as pessoas a Deus, mas a fé em Jesus e no mundo novo e transformado que ele desperta. A mulher pagã reconhece que Jesus não é só uma personalidade moral e religiosa, mas alguém que realiza um projeto concreto: constituir o povo de Deus na história. Esse reconhecimento faz que ela participe, com sua filha, desse projeto. Não são os atos de purificação ou as crenças particulares que engajam alguém no povo de Deus, mas o fato de acreditar que Jesus é o guia desse povo. O encontro com a mulher pagã, como que obrigou Jesus a alargar as dimensões de sua missão. No diálogo tenso com a mulher cananéia, ele deu a entender que os destinatários de sua missão era o estreito grupo das "ovelhas perdidas da casa de Israel". Sua salvação tinha um destino certo: única e exclusivamente, o povo judeu, povo da predileção divina com o qual Deus havia feito uma aliança. Esta predileção levou à idéia do exclusivismo: só Israel seria objeto da salvação. Jesus também pensava assim. A cananéia convenceu-o com um argumento irrefutável: se aos filhos é reservado o pão, pelo menos sobram as migalhas para os cachorrinhos. Nem se importou de comparar-se aos cachorrinhos, à espreita de um pedacinho de pão caído da mesa de seu dono. Existia fé maior do que esta? Este incidente bastou para que Jesus tomasse consciência de que existem muitas ovelhas perdidas, fora da casa de Israel. Assim como viera para os de Israel, era mister acolher indistintamente a quantos dele se aproximavam. Ovelha perdida era qualquer pessoa carente de ajuda, que não tinha com quem contar; era o povo abandonado, expoliado e explorado, largado à mercê dos prepotentes; era o povo marginalizado, sem distinção de raça. Jesus compreendeu que tinha sido enviado para todos. Que os discípulos aprendessem esta lição e deixassem de lado seus preconceitos. Mateus retoma aqui uma narrativa do evangelho de Marcos, dando-lhe um sentido diferente. Em Marcos a característica dominante é a evangelização dos gentios. A Boa-Nova de Jesus é: sua presença na região de Tiro e Sidônia, um território execrado pelos judeus; sua acolhida em uma casa de gentios, algo inadmissível no judaísmo; e a libertação da filha da cananéia do espírito excludente da tradição da Lei. Já Mateus orienta a narrativa para o caráter davídico de Jesus e realça a primazia do anúncio "às ovelhas perdidas da casa de Israel". Mateus escreve para uma comunidade formada por cristãos convertidos do judaísmo. Acomodando a novidade de Jesus com a tradição da comunidade, procura induzi-los ao acolhimento das comunidades de discípulos do mundo gentílico.

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