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sexta-feira, 29 de junho de 2012

São Pedro e São Paulo, apóstolos


13º DTC - Ano B - Dia 01/07/2012 - Cor: Vermelho

Primeira Leitura: Agora sei que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes
Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos 12, 1-11: Naqueles dias, 1 o rei Herodes prendeu alguns membros da Igreja, para torturá-los. 2 Mandou matar a espada Tiago, irmão de João. 3 E, vendo que isso agradava aos judeus, mandou também prender a Pedro. Eram os dias dos pães ázimos. 4 Depois de prender Pedro, Herodes colocou-o na prisão, guardado por quatro grupos de soldados, com quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresentá-lo ao povo, depois da festa da páscoa. 5 Enquanto Pedro era mantido na prisão, a Igreja rezava continuamente a Deus por ele. 6 Herodes estava para apresentá-lo. Naquela mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados, preso com duas correntes; e os guardas vigiavam a porta da prisão. 7 Eis que apareceu o anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela. O anjo tocou o ombro de Pedro, acordou-o e disse: "Levanta-te depressa!" As correntes caíram-lhe das mãos. 8 O anjo continuou: "Coloca o cinto e calça tuas sandálias!" Pedro obedeceu e o anjo lhe disse: "Põe tua capa e vem comigo!" 9 Pedro acompanhou-o, e não sabia que era realidade o que estava acontecendo por meio do anjo, pois pensava que aquilo era uma visão. 10 Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão abriu-se sozinho. Eles saíram, caminharam por uma rua e logo depois o anjo o deixou. 11 Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava!" Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Deus é solidário com seus fiéis
O episódio apresenta o ápice e final da missão de Pedro no livro dos Atos. Marca também o fim da primeira etapa da história da Igreja centralizada em Jerusalém e no mundo judaico. A intenção de Herodes é matar Pedro, como fez com Tiago. O relato lembra de perto a morte e ressurreição de Jesus.

Salmo Responsorial - Sl 33(34), 2-3. 4-5.6-7. 8-9    (R. 5b)
R. De todos os temores me livrou o Senhor Deus.
2 Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, seu louvor estará sempre em minha boca. 3 Minha alma se gloria no Senhor; que ouçam os humildes e se alegrem! (R)
4 Comigo engrandecei ao Senhor Deus, exaltemos todos juntos o seu nome! 5 Todas as vezes que o busquei, ele me ouviu, e de todos os temores me livrou. (R)
6 Contemplai a sua face e alegrai-vos, e vosso rosto não se cubra de vergonha! 7 Este infeliz gritou a Deus, e foi ouvido, e o Senhor o libertou de toda angústia. (R)
8 O anjo do Senhor vem acampar ao redor dos que o temem, e os salva. 9 Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! (R)

Comentário: Deus se alia aos pobres
Oração de agradecimento
O agradecimento é feito no meio da comunidade dos pobres. O salmista é um pobre que em meio a uma situação difícil, fez a experiência da solidariedade de Deus e foi liberto. Este salmo é um convite para a comunidade dos pobres se comprometer com o projeto de Deus, de onde brotou a justiça. Esta inverte a forma da sociedade e o rumo da história. É também uma grande catequese, centrada no temor de Deus. Trata-se de conhecer que Deus é Deus, e que o homem não é Deus. Em seguida, é preciso empenhar a própria vida na luta pela verdade e justiça, para que todos possam viver dignamente. Essa é a luta que constrói a paz. Nessa luta Deus toma o partido dos justos, ouvindo o seu clamor, libertando-os e protegendo-os. Por outro lado, Deus se posiciona contra os injustos, que são destruídos pelo próprio mal que produzem.

Segunda Leitura: Agora está reservada para mim a coroa da justiça
Leitura da Segunda Carta de São Paulo à Timóteo 4,6-8.17-18: Caríssimo, 6 quanto a mim, eu já estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. 7 Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. 8 Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos que esperam com amor a sua manifestação gloriosa. 17 Mas o Senhor esteve a meu lado e me deu forças, ele fez com que a mensagem fosse anunciada por mim integralmente, e ouvida por todas as nações; e eu fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Todos os que quiserem levar uma vida fervorosa em cristo Jesus serão perseguidos
Frente à certeza do martírio, Paulo se compara a um atleta que recebe o prêmio da vitória: ele sabe que sua vida foi inteiramente dedicada a propagar e sustentar a fé. Os últimos tempos de Paulo são tristes e solitários. Embora abandonado e traído pelos companheiros mais próximos, seu olhar continua firme no Senhor, para anunciar o Evangelho e finalmente participar plenamente do Reino. Lucas já estava com Paulo no tempo da primeira prisão (cf. Cl 4,14); talvez seja este Lucas o autor do 3º. Evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos, Marcos ou João Marcos foi companheiro circunstancial (cf. At 12,12) e teve uma divergência com Paulo (cf. At 15,37-39). Mas encontramos como companheiro fiel no tempo da perseguição (cf. Cl 4,10). Paulo teve que suportar muita coisa em que Timóteo foi seu co-participante; pôde este ver como Deus o “libertou” de tudo. Singular libertação , que não suprime o sofrimento, mas torna-o frutuoso para a salvação. O mesmo acontece com todos os verdadeiros cristãos, sabedores de que, enquanto caminham rumo à salvação, a ruína espera aqueles que obstinadamente e até o fim combatem neles o Cristo. A força dos cristãos na luta pela fé é a “palavra de Deus”, autenticamente conservada na Sagradas Escrituras. Estas se resumem numa só grande e viva palavra: “Jesus Cristo, Filho e Verbo de Deus feito homem”. Nele não só sabemos quando Deus nos estima e ama, mas ainda como devemos viver para também nós sermos filhos de Deus.

Aclamação ao Evangelho Mt 16,18
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Tu és Pedro e sobre esta pedra eu irei construir minha Igreja; e as portas do inferno não irão derrotá-la. (R)

Evangelho: Tu és Pedro e eu te darei as chaves do Reino dos Céus
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-19: Naquele tempo, 13 Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" 14 EIes responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas". 15 Então Jesus lhes perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" 16 Simão Pedro respondeu: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". 17 Respondendo, Jesus lhe disse: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus".  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Para vocês, quem sou eu?
A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo. O testemunho das palavras e dos gestos de Jesus faziam com que as pessoas fossem formando uma imagem dele. Há muitos séculos, o povo de Israel nutria a esperança da chegada do Messias de Deus. E o identificava de muitas maneiras. Várias imagens eram projetadas em Jesus, que acabava sendo confundido com elas. Quem havia conhecido o testemunho fulgurante de João Batista, pensava que Jesus fosse a reencarnação do Batista. Outros projetavam nele a figura de Elias cuja volta era esperada no fim dos tempos, em conformidade com a profecia de Malaquias. De acordo com outra tradição, ele seria uma espécie de reencarnação do profeta Jeremias que desaparecera no Egito, sem deixar traços, dando margem para especulações. As opiniões do povo interessavam a Jesus. Era preciso ajudá-lo a corrigir as imagens deturpadas sobre ele, para não virem a se decepcionar. Entretanto, o interesse do Mestre era principalmente saber que imagem os discípulos faziam dele e de sua missão. Daí a pergunta: "Para vocês, quem sou eu?". Quando recebessem a missão de apóstolos, teriam a obrigação de transmitir uma imagem verdadeira de Jesus. Seria desastroso se pregassem uma falsa imagem e levassem o povo a nutrir esperanças enganosas a respeito dele. Por conseguinte, em primeiro lugar, precisavam ter um conhecimento correto de Jesus, antes de torná-lo conhecido. Nesta narrativa, presente nos três evangelhos sinóticos, está em questão a identidade de Jesus. Dois títulos se confrontam: Filho do Homem e Cristo. Jesus, com freqüência, identifica-se como o "Filho do Homem". Por outro lado, os discípulos originários do judaísmo identificam Jesus como o "Cristo". O "Filho do Homem" é uma expressão que aparece quase uma centena de vezes no profeta Ezequiel, exprimindo a condição humana comum e frágil de alguém que coloca toda sua confiança em Deus. "Cristo", que é sinônimo de messias ou ungido, é um título aplicado abundantemente a Davi, ou a um seu descendente, no Primeiro Testamento, estando associado à idéia de um chefe poderoso e dominador. Em seguida à "profissão de fé" de Pedro, vem o anúncio da Paixão, no qual Jesus se revela frágil e vulnerável à violência dos opressores, descartando qualquer disputa de poder. E, ainda ligado ao mesmo tema, seguem-se as condições para seguir Jesus: renunciar aos projetos de glória deste mundo, consagrando sua vida ao serviço dos oprimidos e excluídos em uma comunhão de amor que é a comunhão com Jesus e o Pai.

APROFUNDANDO NA PALAVRA: São Pedro e São Paulo, apóstolos
A celebração de hoje é antiquíssima; foi inscrita no Santoral romano muito antes da festa do Natal. No século IV já se celebravam três missas, uma em São Pedro no Vaticano, outra em São Paulo fora dos muros, a terceira nas catacumbas de São Sebastião, onde provavelmente estiveram escondidos por algum tempo os corpos dos dois apóstolos.
São Pedro: Simão era pescador de Betsaida (Lc 5,3; JO 1,44), que mais tarde se estabelecera em Cafarnaum (Mc 1,21.29). Seu irmão André o introduz entre os que seguem Jesus (Jo 1,42): mas Simão havia sido certamente preparado para este encontro por João Batista. O Cristo lhe muda o nome e o chama "Pedra" (Mt 16,17-19; JO 21,15-17), para realizar em sua pessoa o tema da pedra fundamental. Simão Pedro é uma das primeiras testemunhas que vê o sepulcro vazio (Jo 20,6) e merece uma especial aparição de Jesus ressuscitado (Lc 24,34).
Depois da ascensão, ele toma a direção da comunidade cristã (At 1,15; 15,7), enuncia o esquema da Boa-nova (At 2,1441), e é o primeiro a tomar consciência da necessidade de abrir a Igreja aos pagãos (At 10-11). Essa missão espiritual não o livra da condição humana nem das deficiências do temperamento (Mt 10,41; 14,29.66-72; Jo 13,6; 18,10; Mt 14,29-31). Paulo não hesita em contradizê-lo na discussão de Antioquia (At 15; Gl 2, 11-14), para convidá-lo a libertar-se das praticas judaicas. Parece, de fato, que neste ponto Pedro tenha tardado a abrir-se e tendesse a considerar os cristãos de origem pagã como uma comunidade inferior a dos cristãos de origem judaica (At 6,1-2). Quando Pedro vai a Roma torna-se o apóstolo de todos. Cumpre, então, plenamente, sua missão de "pedra angular", reunindo num só "edifício" os judeus e os pagãos e ratifica esta missão com seu sangue.
São Paulo: Depois de sua conversão na estrada de Damasco, Paulo percorre, em quatro ou cinco viagens, o Mediterrâneo. Faz a primeira viagem em companhia de Barnabé (At 13-14); partem de Antioquia, param na ilha de Chipre e depois percorrem a atual Turquia. Após o concílio dos apóstolos em Jerusalém, Paulo inicia uma segunda viagem, desta vez expressamente como "convidado" dos "Doze" (At 15,36-18,22). Atravessa novamente a Turquia, evangeliza a Frigia e a Galácia, onde adoece (Gl 4,13). Passa à Europa com Lucas e funda a comunidade de Filipos (Grécia setentrional). Depois de um período de prisão, evangeliza a Grécia; em Atenas sua missão encontra nos Filósofos um obstáculo; em Corinto funda a comunidade que lhe dá mais trabalho. Em seguida volta a Antioquia. Uma terceira viagem (At 18,23-21,17) o leva às Igrejas fundadas na atual Turquia, especialmente a Éfeso, depois à Grécia e a Corinto. De passagem em Mileto, anuncia aos anciãos sua próxima provação. De fato, pouco depois de sua volta a Jerusalém é preso pelos judeus e posto no cárcere (At 21). Sendo cidadão romano, Paulo apela para Roma.
Empreende assim uma quarta viagem, esta a Roma, mas não mais em estado de liberdade (At 21-26). Chega a Roma pelo ano 60 ou 61; é mantido na prisão até cerca do ano 63; no entanto, aproveitando de algumas facilidades que lhe são proporcionadas, entra em frequente contato com os cristãos da cidade e escreve as "cartas do cativeiro". Libertado no ano 63, faz, provavelmente, uma última viagem à Espanha (Rm 15,24-28) ou às comunidades dirigidas por Timóteo e Tito, às quais escreve cartas que deixam entrever seu fim próximo. De novo preso e encarcerado, Paulo sofre o martírio cerca do ano 67.
Pedro e Paulo: dois nomes que ao longo dos séculos personificaram a Igreja inteira em sua ininterrupta Tradição. Aos dois primeiros mestres da fé chegou-se mesmo a "confessar" os pecados no Confiteor, reconhecendo neles a Igreja histórica. Para os orientais também, os dois "irmãos" significam todo o colégio apostólico, como pedras fundamentais da fé. Ainda hoje o Papa invoca a autoridade dos santos Apóstolos Pedro e Paulo quando, em seus atos oficiais, quer referir a Tradição à sua fonte: a palavra de Deus. Só pela escuta desta palavra no Espírito, pode a Igreja se "tornar perfeita no amor em união como Papa, os bispos e toda a ordem sacerdotal".

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