Pesquisar

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Liturgia Domninical do dia 17 de Julho de 2011


16º Domingo do Tempo Comum - Ano A - Dia 17/07/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Concedeis o perdão aos pecadores
Leitura do Livro da Sabedoria 12,13.16-19: 13 Não há, além de ti, outro Deus que cuide de todas as coisas e a quem devas mostrar que teu julgamento não foi injusto 16 A tua força é principio da tua justiça, e o teu domínio sobre todos te faz para com todos indulgente. 17 Mostras a tua força a quem não crê na perfeição do teu poder; e nos que te conhecem, castigas o seu atrevimento. 18 No entanto, dominando tua própria força, julgas com clemência e nos governas com grande consideração; pois, quando quiseres, está ao teu alcance fazer uso do teu poder. 19 Assim procedendo, ensinaste ao teu povo que o justo deve ser humano; e a teus filhos deste a confortadora esperança de que concedes o perdão aos pecadores. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Um projeto voltado para a vida
A conquista da terra foi outro grande marco na história do povo. Depois de longamente explorado e oprimido, o povo consegue construir uma sociedade igualitária, voltada para a liberdade e a vida, superando assim os projetos idolátricos que produzem escravidão e morte. Isso trouxe a compreensão de que o projeto de Deus está sempre voltado para ávida. Quem serve a outros projetos acaba por decretar a sua própria ruína, que virá repentinamente ou aos poucos. Nasce então a consciência de que Deus é o Senhor dos povos, e só ele conduz a história rumo à construção da liberdade e da vida. Qualquer outro deus levará o povo à própria destruição.

Salmo Responsorial   -   Sl 85(86),5-6.9-10.15-16a   (R. 5a)
R. Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!
5 O Senhor, vós sois bom e clemente, sois perdão para quem vos invoca. 6 Escutai, ó Senhor, minha prece, o lamento da minha oração!     (R)
9 As nações que criastes virão adorar e louvar vosso nome. 10 Sois tão grande e fazeis maravilhas; vós somente sois Deus e Senhor!   (R)
15 Vós, porém, sois clemente e fiel, sois amor, paciência e perdão. 16a Tende pena e olhai para mim! Confirmai com vigor vosso servo.  (R)

Comentário: Deus atende a quem o invoca
Oração de súplica, em tempo de perigo e perseguição, talvez na época dos Macabeus
Este salmo nos mostra uma série de súplicas, apresentando os motivos para Deus agir. Desses, o fundamental é que Deus atende sempre quem o invoca. A certeza de ser atendido dá lugar ao louvor, no qual se reconhece que Deus é único e universal. Mas, Deus exige a integridade, isto é, que o homem sirva apenas a ele e ao seu projeto.

Segunda Leitura: O Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,26-27: Irmãos, 26 o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27 E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos.  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus
A luta contra o egoísmo é possível para aqueles que entraram no âmbito do Espírito. Essa luta não terminou, mas está em contínuo processo: vivemos na esperança de conseguir a vitória final. Esse anseio é universal e se expressa nos clamores da natureza e do homem. A natureza espera ser libertada do uso egoísta, para ser partilhada e colocada a serviço de todos. Os homens esperam ser libertos de toda exploração e opressão que escravisam seus corpos, a fim de sempre mais se projetarem gratuitamente a serviço dos irmãos. Entretanto, a salvação plena é uma realidade futura e inimaginável. Cegos pelo sistema egoísta, muitas vezes não conseguimos enxergar o caminho. É o clamor do Espírito que nos dirige, então, orientando-nos conforme a vontade de Deus. Entre o confuso monossílabo balbuciado pela criancinha e o discurso do advogado de renome há boa diferença. Mas a mãe entende bem o balbucio do filhinho, porque o ama. O amor é o melhor intérprete. Deus nos ama; seu amor é tão forte que é o Espírito Santo. Ele é que dá sentido à pobre linguagem de nossa prece. Fá-lo em silêncio, com “gemidos indizíveis”, intraduzíveis em nossa linguagem cotidiana. O Espírito não opera na frequência de onda do fracasso humano. Temos necessidade de erradicar o verbalismo rumoroso de nossa oração. O silêncio é preferível à multiplicação de palavras. A retórica vazia faz mal especialmente quando se quer seriamente rezar: “Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não. O que excede isso é mal”. Também na oração.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 11,25
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu te louvo, ó Pai, Santo, Deus do céu, Senhor da terra: os mistérios do teu Reino aos pequenos, Pai, revelas!   (R)

Evangelho: Deixai crescer um e outro até a colheita
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,24-43: Naquele tempo, 24 Jesus contou outra parábola à multidão: "O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25 Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26 Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27 Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?' 28 O dono respondeu: 'Foi algum inimigo que fez isso'. Os empregados lhe perguntaram: 'Queres que vamos arrancar o joio?' 29 O dono respondeu: 'Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30 Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro!"' 31 Jesus contou-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo. 32 Embora ela seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior do que as outras plantas. E torna-se uma árvore, de modo que os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”. 33 Jesus contou-lhes ainda outra parábola: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”. 34 Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, 35 para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”. 36 Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Explica-nos a parábola do joio!" 37 Jesus respondeu: "Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao reino. O joio são os que pertencem ao maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40 Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41 O Filho do homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42 e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça".  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: A missão de Cristo é instaurar o Reino de Deus
O Messias já veio. Então, por que o Reino ainda não se instalou definitivamente? Resposta de Jesus: Isso não se deve à imperfeição natural dos homens, mas a uma sabotagem premeditada, feita por aquele que quer usurpar a autoridade de Deus no mundo. Não cabe aos homens fazer a separação entre bons e maus, pois só Deus pode fazer o julgamento. Por que será que o Reino parece não estar se expandindo no mundo? Diante das estruturas e ações desse mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. A comunidade dos discípulos parece desaparecer no meio dos homens. Num segundo momento, porém, ela exerce ação transformadora no seio da sociedade. Somente através da pessoa e missão de Jesus é possível compreender o mistério do Reino de Deus, escondido na história desde o início do mundo. A explicação da parábola é alegoria que apresenta a dinâmica do Reino na história. Jesus instaurou o Reino dentro da história, e esta é feita pela ação de bons e maus. A vinda do Reino, porém, entra em luta contra o espírito do mal e conduz os justos à vitória final. A história é tensão contínua voltada para a manifestação gloriosa do Reino.
Mateus reúne no capítulo 13 de seu evangelho uma coletânea de sete parábolas. No texto acima temos uma parábola principal, do trigo e do joio, exclusiva de Mateus. Intercaladas entre a parábola e a sua explicação, Mateus inseriu mais duas curtas parábolas, a do grão de mostarda e a do fermento na farinha, ambas simbolizando o Reino dos Céus que passa despercebido no mundo, mas depois tornar-se-á manifesto e glorioso. Segundo a tradição messiânica do judaísmo, o povo esperava a vinda de um líder, o messias. Ele viria para reunir em torno de si os justos, fieis do judaísmo, e condenar e destruir os inimigos e os pecadores. Os discípulos estavam sob a influência desta ideologia. Esperavam que Jesus fosse esse messias. Jesus dirige a todos a sua parábola do trigo e do joio procurando demove-los deste mau entendimento. Não cabe aos discípulos separar pecadores (joio) de justos (trigo). Seria um equívoco que prejudicaria os próprios justos. Aos discípulos cabe cultivar a seara deixando a Deus o julgamento final. Esta parábola, entendida de maneira mais profunda, leva à remoção de qualquer julgamento discriminatório ou condenatório. Acolhendo a todos com a clemência de Deus abrem-se as portas da verdadeira esperança e comunica-se a vida e o amor, sem discriminações. Deixando-se conduzir pelo Espírito, o projeto de Deus se realizará no mundo.

APROFUNDANDO NA PALAVRA: A paciência
Uma tendência natural dos homens é a de dividir a humanidade em duas grandes categorias: os bons de um lado, os maus de outro. Esta tendência existe também no plano religioso. Invocamos bênçãos sobre nós mesmos, sobre nossa família, nossa nação; as maldições caiam sobre os outros, os inimigos, os que se opõem a nós.
A paciência de Deus...
De uma leitura superficial da Bíblia (especialmente dos Salmos) poder-se-ia talvez deduzir a concepção de um Deus impaciente, que queima as etapas". Os apelos à vingança são bastante frequentes (1Rs 18,40; Sl 82 e 108). Mas as passagens mais importantes da Bíblia desmentem essa impressão. Elias, cheio de zelo, compreende, às próprias custas, que Deus não está no furacão ou no terremoto; está na brisa leve, no sopro do vento mais delicado (1 Rs 19,9-13). Tiago e João são censurados por causa de seu desejo de fazer cair raios sobre os samaritanos que não acolhem Jesus (Lc 9,51-55; Mt 26,51). A Escritura é o livro da paciência divina, que sempre adia o castigo do seu povo (Ex 32,7-14). Os profetas falam de cólera de Deus. Mas a cólera não é o último e definitivo momento da manifestação divina: o perdão sempre vence. Deus é rico em graça e fidelidade, e sempre pronto a retirar suas ameaças, quando Israel volta novamente ao caminho da conversão.
Jesus inaugura o reino dos “últimos tempos”, não como juiz que separa os bons dos maus, mas como pastor universal, vindo antes de tudo para os pecadores. Não exclui ninguém do reino; todos são a ele chamados, todos podem aí entrar. Em todas as atividades da sua vida, Jesus encarna a paciência divina. Nenhum pecado pode cortar irremediavelmente as pontes de comunicação com a força misericordiosa de Deus. A Igreja, corpo de Cristo, tem por missão encarnar entre os homens a paciência de Jesus. Seu papel é revelar, no mundo, a verdadeira face do amor. Na terra, o trigo está sempre misturado com o joio, e a linha de demarcação entre um e outro não passa pelas páginas dos registros paroquiais ou pelas fronteiras dos países; está no coração e na consciência de cada homem. Deve-se sempre recordar que a separação entre os bons e os maus só será feita depois da morte.
...de um Deus misericordioso
Não há dúvida de que a idéia que cada um faz de Deus, condiciona seu comportamento diante de Deus (adoração, oração...) e nas suas relações com o próximo. Isto significa que somos levados a fazer das nossas relações com os outros um prolongamento das que temos com Deus. A palavra de Deus faz uma descrição muito clara do conceito e da imagem de Deus. Deus aceita o escândalo do homem limitado e mau, e Cristo parece até mesmo provocá-lo com seu comportamento, tratando livremente com bons e maus, justos e pecadores. Não anuncia uma comunidade de puros e santos. E paciente com todos e deixa aos pecadores tempo para amadurecer sua conversão.
Portanto, não nos deve perturbar o escândalo de uma Igreja medíocre, pecadora, comprometida, distante do ideal evangélico de pureza, de santidade, de desapego. Sendo feita de homens e vivendo mergulhada no mundo, a Igreja corre continuamente o risco de se contaminar com o mundo e ver crescer em suas fileiras o joio ao lado do trigo. Alguns cristãos desejariam recorrer aos meios violentos e decisivos: excomungar os membros mais fracos, queimar os hereges, lançar violentamente em face dos cristãos e não-cristãos as exigências do evangelho, com a política do "comigo ou contra mim”...
O fundamento dessas atitudes está em duas distorções. Uma idéia errada de Deus que seria um Deus ciumento dos homens, pronto a lançar seus raios; portanto, um Deus avarento, mesquinho, não um Deus Pai misericordioso. É uma falta de confiança em Deus e de esperança, que gera medo e insegurança.
...respeita as etapas de crescimento e amadurecimento
No entanto, o Reino de Deus tolera os maus e os pecadores, porque tem uma inabalável confiança na ação de Deus que sabe esperar a livre decisão do homem. João XXIII escreveu: "A mansidão é a plenitude da força". Não, pois, uma aceitação passiva dos acontecimentos, nem certo desleixo, mas uma atitude construtiva de tolerância, paciência e respeito pelos tempos e pelas etapas de crescimento, tanto no interior da vida das comunidades como no de cada pessoa, e uma atenção ativa aos momentos da graça e aos sinais dos tempos, que surgirão no instante preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário