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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Liturgia Dominical do 17º DTC - A - 24/07/2011


17º DTC – A - Dia 24/07/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Pediste-me sabedoria
Leitura do Primeiro Livro dos Reis 3,5.7-12: Naqueles dias, 5 Em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: "Pede o que desejas, e eu to darei". 7 E Salomão disse: "Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. 8 Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. 9 Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?" 10 Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. 11 E Deus disse a Salomão: "Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, 12 vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti".  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Para governar é preciso ouvir
O sonho de Salomão mostra que o grande anseio do povo é ter uma autoridade realmente capaz de discernir e realizar a justiça. Para isso, a principal tarefa da autoridade consiste em saber ouvir. É o requisito básico, não só para resolver questões no tribunal, mas também para o exercício contínuo de um governo justo. Autoridade justa age sempre a partir de assessoramento que lhe permita ouvir as legítimas aspirações e reivindicações do povo. Em outras palavras, a verdadeira função da autoridade é servir ao povo, que pertence a Deus.

Salmo Responsorial - Sl 118(119),57.72.76-77.127-128.129-130     (R. 97a)
R. Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
57 É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! 72 A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata.    (R)
76 Vosso amor seja um consolo para mim, conforme a vosso servo prometestes. 77 Venha a mim o vosso amor e viverei, porque tenho em vossa lei o meu prazer!     (R)
127 Por isso amo os mandamentos que nos destes, mais que o ouro, muito mais que o ouro fino! 128 Por isso eu sigo bem direito as vossas leis, detesto todos os caminhos da mentira.   (R)
129 Maravilhosos são os vossos testemunhos, eis por que meu coração os observa! 130 Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.   (R)

Comentário: A palavra de Deus ilumina o caminho do homem
Grande meditação sapiencial sobre a Lei de Deus, que aponta o caminho para a justiça e a vida. A pretensão do autor é fazer um grande elogio da palavra que revela e faz compreender o projeto de Deus
A Palavra é a revelação de Deus, que leva o povo a descobrir o sentido da vida e a discernir o seu caminho na história, em meio às diversas situações. Essa Palavra é praticamente a Bíblia toda, principalmente o Novo Testamento. Neste, como diz João, “a Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1,14). Dessa forma Jesus é não só o maior intérprete da Palavra, mas também sua concretização definitiva.

Segunda Leitura: Ele nos predestinou para sermos conformesn à imagem de seu Filho
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,28-30: Irmãos, 28 Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29 Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30 E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus
O projeto eterno de Deus é predestinar, chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens, fazendo com que todos se tornem imagem do seu Filho e se reúnam como a grande família de Deus. O projeto não exclui ninguém. Mas o homem é livre: pode aceitar ou recusar tal projeto, pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se. Deus nos ama; seu amor é tão forte que é pessoa, o Espírito Santo. Ele é que dá sentido à pobre linguagem de nossa prece. Fá-lo em silêncio, com “gemidos indizíveis”, intraduzíveis em nossa linguagem cotidiana. O Espírito não opera na freqência de onda do fracasso humano. Temos necessidade de erradicar o verbalismo rumoroso de nossa oração. O silêncio é preferível à multiplicação de palavras. A retórica vazia faz mal especialmente quando se quer seriamente rezar: “Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não. O que excede isso é mal”. Também na oração.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 11,25
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu te louvo, ó Pai, Santo, Deus do céu, Senhor da terra: os mistérios do teu reino aos pequenos, Pai, revelas!   (R)

Evangelho: Ele vende todos os seus bens e compra aquele campo
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,44,52: Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 44 “O reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola". 47 "O reino dos céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48 Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49 Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50 e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51 Compreendestes tudo isso?" Eles responderam: "Sim". 52 Então Jesus acrescentou: "Assim, pois, todo mestre da lei, que se torna discípulo do reino dos céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: O tesouro escondido
Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa. A consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os bons dos maus. Os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não vivem serão excluídos para sempre. É preciso decidir desde já. As parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Por isso, o doutor da Lei que se torna discípulo de Jesus é capaz de ver a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento. Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido. Nestes últimos domingos vêm sido lidas as parábolas reunidas por Mateus no capítulo 13 de seu evangelho. Os evangelistas, em seus textos, refletem as tradições das comunidades que se sucederam ao ministério de Jesus, dando um destaque às parábolas e aos milagres de Jesus. Particularmente Mateus, que de maneira didática escreve para comunidades de discípulos oriundos do judaísmo, reúne um bloco de sete parábolas (cap. 13) e um bloco de dez milagres (cap. 8 e 9). Hoje temos a narrativa das três últimas parábolas. As duas primeiras parábolas revelam a supremacia absoluta do Reino dos Céus em relação a qualquer riqueza terrena. O discípulo que percebe esta supremacia e despoja-se de tudo e adere ao Reino. A terceira parábola tem certa semelhança com a parábola do joio e do trigo. Contudo aqui o núcleo da parábola é o julgamento escatológico, no fim dos tempos, com a separação entre os maus e os justos. Este dualismo entre maus e justos é uma herança do Primeiro Testamento, e foi descartada e superada por Jesus. Particularmente o destino final dos maus, lançados na fornalha de fogo, com ranger de dentes, é um ato cruel que destoa com a prática misericordiosa e amorosa de Jesus. Na primeira leitura é mencionada a figura controvertida de Salomão. Por um lado é exaltado no seu poder, em suas posses, em seu harém, caracterizado por sua opressão sobre o povo. Por outro lado o texto de hoje lhe atribui grande sabedoria, o que ficou marcante na tradição de Israel e judaica. Na comparação final, pode-se pensar que tenhamos uma identificação do autor do evangelho, atribuído a Mateus. Seria o autor este escriba que se tornou discípulo do Reino e reviu suas tradições, tirando delas coisas novas e velhas?

APROFUNDANDO NA PALAVRA: O Reino de Deus
Existe um evidente contraste entre a riqueza do ensinamento bíblico sobre o "Reino" e a pobreza da idéia que dele têm os cristãos. A imagem de Reino não lembra mais quase nada às nossas mentes. E mesmo que continuem a persistir algumas expressões no vocabulário eclesial corrente (construção do Reino, vinda do Reino...), parece que perderam seu dinamismo interior e um conteúdo claro e definido. No entanto, o Reino constitui o objeto primário da pregação de João Batista e Jesus iniciam sua pregação como anúncio de alegria: "Está próximo o Reino de Deus". A Boa-nova proclamada por Jesus é, em suma, a vinda do Reino. Que quer dizer-nos Jesus?
O plano salvífico de Deus.
Usando uma expressão altamente significativa para o povo eleito (o Antigo Testamento já esboça a doutrina do Reino!), o Messias quer anunciar a Israel que a longa expectativa já está terminada; as promessas, que constituíam a substância e o fundamento da sua esperança, se tornaram agora realidade. Mas, ao mesmo tempo. Jesus quer corrigir toda uma mentalidade que se havia sedimentado há séculos na consciência de Israel: o Reino de Deus não consiste na restauração da monarquia davídica nem numa compensação de tipo nacionalista.
Jesus se insere na linha dos profetas quando compara o Reino por ele anunciado ao tesouro ou à pérola preciosa (evangelho), diante dos quais tudo o mais é desprovido de valor; quando afirmam que a Boa nova é anunciada aos pobres e só se chega a esse Reino assumindo as exigências bem precisas que se resumem na palavra: conversão, penitência.
Comparando o Reino com a semente, o grão de mostarda, o lêvedo, Jesus quer dizer que este Reino já está presente, mas ainda longe sua realização definitiva. Edificar-se-á gradualmente, graças à fidelidade dos discípulos ao mandamento novo do amor sem limites. Trata-se de um Reino que não é deste mundo, embora sua construção comece aqui. E um Reino universal, aberto a todos, porque é o Reino do Pai, comum a todos os homens.
Reino de Deus e Igreja
O tema do Reino de Deus e da Igreja estão estreitamente ligados, mas não indicam a mesma realidade.
Na perspectiva de sua consumação final, a Igreja coincide verdadeiramente como Reino; mas em sua realidade histórica e sociológica na terra, a Igreja é unicamente o terreno privilegiado - e sempre ambíguo, por causa do pecado - em que se edifica lentamente o Reino; esse Reino não está preso a nenhuma realidade sociológica, nem mesmo de caráter religioso; vai sempre além de qualquer realização concreta em que se manifesta.
O Reino de Deus já está presente, como uma semente; mas é necessário que cresça. Instaurado por Jesus, é certamente a atualização da antiga esperança, mas terá que se edificar progressivamente em toda a face da terra. É papel dos cristãos serem os artífices desta construção, sob o impulso do Espírito; como a Igreja, estão eles, antes de tudo, a serviço do Reino.
Depois dos primeiros tempos, a Igreja compreendeu que o Reino não é objeto de expectativa passiva; para tomar-se a realidade definitiva, cujo penhor se possui, exige o esforço constante e ativo de todos. No Reino de Deus, tudo lá está realizada, mas tudo deve ainda realizar-se, e se realiza cada dia com a intervenção conjunta, em Cristo Jesus, de Deus e dos homens.
A Igreja, germe e início do Reino
Até há pouco tempo, o perigo para os cristãos era identificar o Reino de Deus com a Igreja-instituição. Hoje, parece verificar-se o perigo contrário, isto é, o de se esquecer de que a Igreja não se identifica com o Reino; "constitui, na terra, o germe e o inicio deste Reino"
A evangelização, sensível aos valores humanos atuais, esforça-se por inserir-se cada vez mais profundamente na vida, na situação e cultura humana; mas se inclina a transferir para um futuro não facilmente previsível o convite à conversão, a pregação da mensagem, a proposta de uma inserção plena na Igreja, por respeito aos tempos de maturação e aos ritmos lentos da conversão. O perigo está numa falsa concepção da missão da Igreja, e na inconsciente tentativa de reduzir a dimensão do cristianismo. Certa catequese, por exemplo, para ser fiel ao homem não é mais fiel a Deus, e assim trai a fidelidade radical ao homem, cujo plano coincide com o de Deus.

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