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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Liturgia do dia 02 de Novembro de 2011


Quarta-Feira da 31ª STC - Ano A – Cor: Roxo
Fiéis Defuntos

Primeira Leitura: Eu sei que o meu Redentor está vivo
Leitura do Livro de Jó 19,1.23-27ª: 1 Jó tomou a palavra e disse: 23 "Gostaria que minhas palavras fossem escritas e gravadas numa inscrição 24 com ponteiro de ferro e com chumbo, cravadas na rocha para sempre! 25 Eu sei que o meu redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó; 26 e depois que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus. 27a Eu mesmo o verei, meus olhos o contemplarão, e não os olhos de outros". Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: O meu redentor está vivo
Jó descreve o abandono total em que foi deixado pelos concidadãos, parentes, familiares e até pela própria esposa. Inclusive os amigos, de quem Jó esperaria solidariedade e compreensão, todos se afastaram, considerando-o pecador. Diante disso, ele implora piedade e declara: "Foi Deus quem violou o meu direito... a mão de Deus me feriu!" Jó clama por solidariedade, que implica num compromisso que supera uma visão simplista da realidade e chega a uma visão nova da justiça de Deus, do marginalizado e do relacionamento entre ambos. Jó não pode mais contar com a solidariedade de ninguém. Apesar de tudo, sabe que é inocente, e não lhe importa se os outros o consideram pecador por estar sofrendo. Ele declara que nessa condição terá uma experiência de Deus ("com os próprios olhos"), superando aquela concepção veiculada pelo dogma da retribuição. Na verdade, Deus não condena o justo que sofre; antes se solidariza com ele e o defende contra essa própria teologia que considera qualquer sofredor como pecador.

Salmo Responsorial - Sl 41(42),2.3.5bcd; Sl 42,3.4.5 (R. 41,3a)
R. A minh’alma tem sede de Deus e deseja o Deus vivo.
41,2 Assim como a corça suspira pelas águas correntes, suspira igualmente minh’alma por vós, ó meu Deus! (R)
3 A minh’alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (R)
5b Peregrino e feliz caminhando 5c para a casa de Deus, 5d entre gritos, louvor e alegria da multidão jubilosa. (R)
42,3 Enviai vossa luz, vossa verdade: elas serão o meu guia; que me levem ao vosso Monte santo, até vossa morada! (R)
4 Então irei aos altares do Senhor, Deus da minha alegria. Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, meu Senhor e meu Deus! (R)
5 Por que te entristeces, minh’alma a gemer no meu peito? Espera em Deus! Louvarei novamente o meu Deus Salvador!   (R)

Comentário: Sede do Deus vivo e esperança de justiça
Súplica, provavelmente de um sacerdote injustamente julgado, condenado e exilado
Este salmo apresenta a imagem do animal selvagem e sedento, traduzindo o sentimento do exilado. À pergunta dos estrangeiros, ele se lembra do passado: a presença especial de Deus em Jerusalém. O futuro se abre na esperança. A luz e a verdade conduzirão o exilado para Jerusalém, onde o próprio Deus o julgará com justiça.

Segunda Leitura: A morte foi tragada pela vitória
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,51-57: Irmãos: 51 Eu vos comunico um mistério: Nem todos nós morreremos, mas todos nós seremos transformados. 52 Num instante, num abrir e fechar de olhos, ao soar da trombeta final - pois a trombeta soará - não só os mortos ressuscitarão incorruptíveis, mas nós também seremos transformados. 53 Pois é preciso que este ser corruptível se vista de incorruptibilidade; é preciso que este ser mortal se vista de imortalidade. 54 E quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então estará cumprida a palavra da Escritura: "A morte foi tragada pela vitória. 55 Ó morte, onde está a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?" 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. 57 Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: A morte foi tragada pela vitória
Paulo imagina que Cristo há de voltar antes que a sua geração morra; os mortos ressuscitarão e os que estiverem vivos serão transformados. Desse modo, ele salienta que a ressurreição não é apenas retorno à vida. Depois que Cristo ressuscitou, nenhum tipo de morte terá a vitória final. Essa vitória de Cristo sobre a morte é também vitória contra o pecado, que introduz e alimenta a morte no mundo,  e contra a lei, que mostra o que é pecado, mas não dá forças para vencê-lo. Quem acredita em Jesus ressuscitado pode cantar desde já o triunfo da vida.

Aclamação ao Evangelho Cf. Jo 6,40   
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Quem vê o Filho e nele crê, este tem a vida eterna, e eu o farei ressuscitar n’último dia, diz Jesus.   (R)

Evangelho: Quem crê no Filho terá a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6,37-40: Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 37 "Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei. 38 Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39 E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40 Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia".  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Fé e vida eterna - "Eu sou o pão da vida".
Jesus se apresenta como aquele que veio de Deus para dar a vida definitiva aos homens. Seus adversários não admitem que um homem possa ter origem divina e, portanto, possa dar a vida definitiva. A vida de Jesus foi toda norteada pela vontade do Pai. Esta se resume em querer a salvação de todo ser humano, para o qual está reservada a vida eterna, na medida em que acolher a palavra de Jesus e se deixar guiar por ela. Por isso, o ministério do Mestre pode ser definido como serviço à salvação da humanidade. Isto explica por que buscava estar presente ali onde a morte se fazia sentir com mais intensidade, junto de quem se tornara escravo do pecado. Os pecadores foram alvo de sua constante solicitude. O desígnio do Pai era que não se perdesse ninguém dos que tinham sido entregues ao Filho. Evidentemente, a palavra de Jesus tem um sentido inclusivo: toda a humanidade foi-lhe entregue para ser salva, sem exclusão de ninguém. Sendo assim, o Filho devia empenhar-se para que a salvação, a vida eterna, atingisse cada criatura humana. O caminho da salvação exige fé sincera no Filho Jesus. Confessá-la significava aderir à dinâmica de vida assumida por ele, cujo centro era a vontade do Pai, e deixar a vida divina permear a existência humana, de forma a transformá-la pelo amor. Assim, o discípulo de Jesus tinha a chance de, já no curso de sua existência terrena, experimentar a vida eterna que lhe estava reservada. O evangelho de João nos apresenta o discurso de Jesus sobre o pão, após a partilha dos pães. Neste discurso, depois de referir-se ao maná do deserto, Jesus faz a auto-proclamação: "Eu sou o pão da vida". No evangelho de João, temos mais seis auto-proclamações simbólicas de Jesus: Eu sou... a luz do mundo, a porta, o bom pastor, a ressurreição e a vida, o caminho, a verdade e a vida, a videira verdadeira. O acento em "Eu sou" coloca Jesus como revelação de Deus e objeto do crer. O próprio Jesus é o grande sinal, porém muitos que o viram não creram nele. Mas ele convida e acolhe a todos. Crer em Jesus significa dar adesão a ele, e não a assimilação de uma doutrina. Jesus havia declarado: "É o meu pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu". E este pão é o próprio Jesus que é o pão da vida. Comer este pão significa assimilar o seu amor e seu exemplo de serviço, partilha e dom da vida. A conclusão consiste na essência do evangelho. A vontade do Pai, ao enviar o Filho, é que quem vê o Filho, suas palavras e ações e nele crê, seguindo seus passos, tenha a vida eterna

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Liturgia Dominical


31º DTC - Ano A – Dia: 30/10/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Abandonastes o caminho e fostes para muitos pedra de tropeço na observância da lei
Leitura da Profecia de Malaquias 1,14b-2,1-2.8-10: 14b Eu sou o grande rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é terrível entre as nações. 2,1 E agora este mandamento para vós, ó sacerdotes. 2 Se não quiserdes ouvir e tomar a peito glorificar o meu nome diz o Senhor dos exércitos, lançarei sobre vós a maldição. 8 Vós, porém, vos afastastes do reto caminho e fostes para muitos, na observância da lei, pedra de tropeço; quebrastes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos; 9 e eu também vos fiz desprezíveis e vos rebaixei aos olhos de todos os povos, na medida em que não guardastes meus caminhos e praticastes discriminação de pessoas no serviço da lei. 10 Acaso não é um só o pai de todos nós? Acaso não fomos criados por um único Deus? Então, por que cada um de nós é desonesto com seu irmão, violando o pacto de nossos pais?   Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Abandonastes o caminho e fostes para muitos pedra de tropeço na observância da lei
Numa época em que os judeus já não podem ter outros meios que os identifiquem como povo de Deus, o culto torna-se a carteira de identidade. É no culto que Israel exprime, de forma visível, o afeto e o respeito na sua relação com Deus. Malaquias critica os sacerdotes por relaxarem o culto, além de se considerarem tedioso o serviço sacerdotal. Desse modo, os sacerdotes não valorizam aquilo que, no momento, é para o povo a única forma de manter a própria identidade. E o que dizer quando Deus é mais respeitado fora do que dentro do seu povo? Aos sacerdotes cabiam duas funções ministrar o culto e ensinar conforme as normas da Aliança. O profeta já havia criticado os abusos culturais, agora denuncia a perversão do ensinamento com que os sacerdotes afastam o povo das normas da Aliança.

Salmo Responsorial - Sl 130(131),1.2.3 (R. 14a)
R. Guardai-me, ó Senhor, convosco, em vossa paz!
1 Senhor, meu coração não é orgulhoso, nem se eleva arrogante o meu olhar; não ando à procura de grandezas, nem tenho pretensões ambiciosas! (R)
2 Fiz calar e sossegar a minha alma; ela está em grande paz dentro de mim, como a criança bem tranquila, amamentada no regaço acolhedor de sua mãe. (R)
3 Confia no Senhor, ó Israel, desde agora e por toda a eternidade! (R)

Comentário: A maturidade da fé
Oração de confiança, exprimindo a maturidade da fé
Este salmo nos mostra que a fé verdadeira supera a ambição, seja material, seja espiritual (busca de grandezas e milagres). A fé madura reconcilia o homem com Deus, consigo mesmo e com a realidade, traduzindo-se na confiança em Deus e no seu projeto. Em outras palavras, a verdadeira grandeza e milagre é a presença e ação de Deus, que garantem o rumo da história para a liberdade e a vida. Este é o dinamismo que nos arranca da resignação, e nos leva a buscar continuamente o horizonte da realização humana.

Segunda Leitura: Desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 2,7b-9.13: Irmãos: 7b Foi com muita ternura que nos apresentamos a vós, como uma mãe que acalenta os seus filhinhos. 8 Tanto bem vos queríamos, que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida; a tal ponto chegou a nossa afeição por vós. 9 Irmãos, certamente ainda vos lembrais dos nossos trabalhos e fadigas. Trabalhamos dia e noite, para não sermos pesados a nenhum de vós. Foi assim que anunciamos o evangelho de Deus. 13 Por isso, agradecemos a Deus sem cessar por terdes acolhido a pregação da palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós que abraçastes a fé.   Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida
Descrevendo sua ação missionária entre os tessalonicenses, Paulo propõe as atitudes fundamentais de um agente de pastoral: coragem de anunciar o Evangelho, mesmo que precise enfrentar fortes oposições de grupos interesseiros; não agir com segundas intenções, à moda de espertalhões que aproveitam de sua função para se promoverem à custa de bajulações; não abusar da própria autoridade, mas ter profundo amor pela comunidade, mesmo com perigo de vida; não colocar o dinheiro como motivação do apostolado. Por fim, a regra suprema: fazer com que a vida da comunidade seja testemunho da presença do Reino de Deus. Paulo tem um único anseio: anunciar o evangelho de Deus, suscitar a fé em Cristo, ensinar todos a levarem uma vida digna de Deus. Ele narra o dom de Deus em Jesus Cristo, não apenas com a palavra, mas sobretudo com a vida cotidiana. Paulo sabe, de fato, que só é eficaz a mensagem que reproduz, não a palavra de Jesus, mas o próprio Jesus. Se cremos que a Bíblia é a palavra de Deus, devemos admitir que ainda hoje as comunidades cristãs evangelizam na medida que cada cristão se converte a Cristo e vive, no relacionamento fraterno e no serviço ao próximo, a novidade do evangelho. Só aquele que vive do amor de Deus é capaz de criar em torno de si espaços de misericórdia e esperança.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 23,9b.10b
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Só um é o vosso Pai, o vosso Pai celeste. Um só é o vosso Guia, Jesus Cristo, o Messias!     (R)

Evangelho: Eles falam, mas não praticam
Proclamação ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 23,1-12: Naquele tempo, 1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: 2 "Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. 6 Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. 7 Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. 8 Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. 9 Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12 Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado".   Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Cuidado com o exibicionismo
Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir. Jesus cuidou para que seus discípulos não imitassem os maus costumes dos fariseus. Abusando da boa-fé das pessoas simples, eles as oprimiam. Quando consultados, faziam interpretações rigorosas e exigentes da Lei. No entanto, tudo era diferente quando chegava a vez deles cumprirem essa mesma Lei. Seu agir pautava-se por um dualismo intransigente: severidade para os outros e permissividade para si mesmos. Os fariseus distinguiam-se pelo exibicionismo. Suas roupas eram adornadas por franjas exageradas. Traziam, amarrados na fronte e nos braços, pequenos estojos contendo textos da Lei. Para que todos se dessem conta disto, usavam tiras de couro bem largas para atar esses estojos. Quando chegavam nas sinagogas, faziam questão de ocupar um lugar de destaque. Na rua, gostavam de ser saudados pelos passantes. Na época, essa saudação constava de um ritual bem complicado. Além disso, não abriam mão de serem chamados de "rabinos", para que sua importância ficasse bem evidente. Jesus procurou banir tal comportamento do meio de seus discípulos, ensinando-lhes o caminho do serviço e da humildade. Nada de querer parecer melhor que os outros, querendo assim assumir um lugar que pertence unicamente a Deus e acabando por se tornar um terrível opressor. O discípulo deve ser movido por outros sentimentos! Tendo encerrado, no seu evangelho, as narrativas de conflitos de Jesus com os fariseus, Mateus apresenta um longo discurso de Jesus como denúncia da prática equivocada dos escribas e fariseus. Com esse discurso, Mateus faz uma advertência às suas comunidades, formadas por discípulos oriundos do judaísmo, que ainda se mantinham apegados à sua antiga doutrina. Os escribas e fariseus não devem ser modelos. Que ninguém pretenda ser "rabi", "pai", "guia" (títulos de autoridade). A comunidade deve ser marcada pela fraternidade e pelo serviço humilde, excluindo-se qualquer aspiração a privilégios ou poder.

domingo, 23 de outubro de 2011

Liturgia do dia 26 de Outubro de 2011


Quarta-Feira da 30ª STC - Ano A – Dia: 26/10/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,26-30: Irmãos, 26 também o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27 E aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito. Pois é sempre segundo Deus que o Espírito intercede em favor dos santos. 28 Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29 Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30 E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: O Projeto de Deus
O projeto eterno de Deus é predestinar, chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens, fazendo com que todos se tornem imagem do seu Filho e se reúnam como a grande família de Deus. O projeto não exclui ninguém. Mas o homem é livre: pode aceitar ou recusar tal projeto, pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se.

Salmo Responsorial - Sl 12(13),4-5.6 (R. 6a)
R. Senhor, eu confiei na vossa graça!
4 Olhai, Senhor, meu Deus, e respondei-me! Não deixeis que se me apague a luz dos olhos e se fechem, pela morte, adormecidos! 5 Que o inimigo não me diga: "Eu triunfei!" Nem exulte o opressor por minha queda.   (R)
6 Uma vez que confiei no vosso amor! Meu coração, por vosso auxilio, rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes!  (R)

Comentário: Até quando, Deus?
Súplica de uma pessoa perseguida ou em perigo de morte
Este salmo nos mostra que, se Deus não salvar o justo, o próprio nome de Deus ficará comprometido diante desse fracasso. E o injusto se alegrará, cantando vitória. No v. 6 temos uma declaração de confiança mostrando que a pessoa já foi atendida ou acredita que brevemente o será.

Aclamação ao Evangelho Cf. 2Ts  2,14
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Pelo Evangelho o Pai nos chamou, a fim de alcançarmos a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.    (R)

Evangelho: Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 13,22-30: Naquele tempo, 22 Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23 Alguém lhe perguntou: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?" Jesus respondeu: 24 "Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. 25 Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: 'Senhor, abre-nos a porta!' Ele responderá: 'Não sei de onde sois' 26 Então começareis a dizer: 'Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!' 27 Ele, porém, responderá: 'Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!' 28 Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, lsaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. 29 Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30 E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: A falsa segurança
Jesus não responde diretamente à pergunta. A salvação é universal, está aberta para todos, e não só para aqueles que conhecem a Jesus. A condição é entrar pela porta estreita, isto é, escolher o caminho de vida que cria a nova história. Jesus recusa-se a entrar na discussão casuística sobre quem se salvará, por considerá-la inútil. Importante para ele era empenhar-se, com sinceridade, por viver uma vida agradável a Deus, e assim, ser acolhido por ele, no final da caminhada terrena. As palavras do Mestre são uma denúncia contra aqueles que se iludem pensando ter garantido uma vaga no céu, quando, de fato, estão vagando longe da salvação. "Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas praças" dizem os que se iludem pensando que, no Reino de Deus, tem valor evocar determinadas procedências étnicas, práticas religiosas ou formação cultural como privilégios para se ingressar nele. É a falsa segurança dos judeus, mormente, dos fariseus. Mas pode ser também a falsa segurança da comunidade cristã. Sem a prática da justiça e da caridade, sem um amor entranhado ao semelhante, de nada valerá evocar, diante de Deus, a condição de cristão para se ingressar no Reino. Se nele existem privilegiados, estes são os pobres, os marginalizados, os oprimidos, os desclassificados. Ou seja, os que estão reduzidos a uma condição tão deplorável, a ponto de não conseguirem voltar-se para Deus, a fim de exigir dele a salvação. Portanto, o seu entender, a salvação esteja fora de seus horizontes. Para que preocupar-se com ela? Quem se considera privilegiado, não procurando vivenciar o amor, será expulso do Reino; ao passo que os últimos serão acolhidos pelo Senhor. O ministério de Jesus desenvolvera-se na Galiléia e em territórios gentios vizinhos. Agora, com seus discípulos, está a caminho de Jerusalém, centro religioso e político do judaísmo, decidido a fazer aí seu anúncio libertador e vivificante. Ele escolheu a festa da Páscoa judaica, ocasião em que se reúnem enormes multidões de peregrinos na cidade e no Templo. A caminho, continua seu ensino aos discípulos, os quais, com sua formação tradicional, tinham grande dificuldade de compreender a sua Boa-Nova humilde e libertadora. Alguém pergunta a Jesus se são poucos os que se salvam. Esta era uma questão em debate nos meios rabínicos, onde prevalecia a compreensão de que todo o povo de Israel, como filhos de Abraão, se salvaria, enquanto as nações gentias seriam destruídas e condenadas. Foi contra esta visão elitista que se levantou João Batista, quando disse aos fariseus e saduceus que eles não se sentissem seguros em proclamar que tinham Abraão por pai. O que importa para Deus são os frutos de justiça e de amor, que conduzem à comunhão de vida universal, sem barreiras ou exclusivismos. Jesus adverte sobre as dificuldades para entrar no Reino. Estas dificuldades decorrem da resistência à conversão daqueles que estavam apegados à tradição da Lei, com sua tradição racial e com o anseio de poder e riquezas. Israel, rejeitando a conversão, ficará de fora, enquanto seus patriarcas e profetas estarão, junto com os demais povos, à mesa do Reino.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Liturgia Dominical


30º DTC - Ano A – Dia: 23/10/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Se fizerdes algum mal à viúva e ao órfão, minha cólera se inflamará contra vós
Leitura do Livro do Êxodo 22,20-26: Assim diz o Senhor: 20 Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito. 21 Não façais mal algum à viúva nem ao órfão. 22 Se os maltratardes, gritarão por mim, e eu ouvirei o seu clamor. 23 Minha cólera, então, se inflamará e eu vos matarei à espada; vossas mulheres ficarão viúvas e órfãos os vossos filhos. 24 Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao teu lado, não sejas um usurário, dele cobrando juros. 25 Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr-do-sol. 26 Pois é a única veste que tem para o seu corpo, e coberta que ele tem para dormir. Se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso.   Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: O direito é para defender os pobres
Este texto condena a exploração da miséria. O imigrante, o órfão, a viúva e o pobre são pessoas que não podem defender-se: devem ser protegidas pelo direito. As necessidades vitais do homem estão acima de qualquer direito de propriedade.

Salmo Responsorial - Sl 17(18),2-3a.3bc-4.47.51ab    (R. 2)
R. Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação.
2 Eu vos amo, ó Senhor! Sois minha força, 3a minha, rocha, meu refúgio e Salvador! O meu Deus, sois o rochedo que me abriga, minha força e poderosa salvação. (R)
3b Ó meu Deus, sois o rochedo que me abriga, 3c sois meu escudo e proteção: em vós espero! 4 Invocarei o meu Senhor: a ele a glória! E dos meus perseguidores serei salvo! (R)
47 Viva o Senhor! Bendito seja o meu Rochedo! E louvado seja Deus, meu Salvador! 51a Concedeis ao vosso rei grandes vitórias 51b e mostrais misericórdia ao vosso Ungido. (R)

Comentário: A função da autoridade
Trata-se de uma celebração para agradecer a proteção de Deus, através da qual o rei Davi pôde realizar sua função política
A função da autoridade política não é usufruir o lugar de Deus, usando o poder para seus próprios interesses e privilégios. É tornar historicamente presente e visível a ação de Deus, que liberta dos inimigos o seu povo, para fazê-lo viver segundo a justiça e o direito. Quando a autoridade política de fato procura ser mediadora na realização do projeto divino, ela pode invocar a Deus e estar certo de que ele responderá, dando eficácia a ela em seus empreendimentos. Quando a autoridade realiza a justiça em nome de Deus, o povo vive na fraternidade e o rei justo se torna modelo de liderança para outros povos.

Segunda Leitura: Vós vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir a Deus, esperando o seu Filho
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 1,5c-10: Irmãos: 5c Sabeis de que maneira procedemos entre vós, para o vosso bem. 6 E vós vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra com a alegria do Espírito Santo, apesar de tantas tribulações. 7 Assim vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia. 8 Com efeito, a partir de vós, a Palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia e na Acaia, mas a vossa fé em Deus propagou-se por toda parte. Assim, nós já nem precisamos falar, 9 pois as pessoas mesmas contam como vós nos acolhestes e como vos convertestes, abandonando os falsos deuses, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, 10 esperando dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos: Jesus, que nos livra do castigo que está por vir. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Abandonando os falsos deuses vos convertestes
Cada comunidade cristã, como essa de Tessalônica (Salônica), é a Igreja. Pode ser pequenina e humilde como um grão de mostarda, mas é "o novo povo chamado por Deus no Espírito Santo". Como a "semente que cai na terra e morre", a comunidade cristã não possui as dimensões exteriores do êxito, mas é uma força. É ela o sinal do esforço de amor do Pai, realizado em Cristo. Nela tudo vem de Deus; a vida cristã, animada pela fé, pela esperança e pela caridade, é a glória de Cristo. Chamada e suscitada por Deus, com a força do Espírito, toda a comunidade é envolvida pela cruz de Cristo. Esta comunhão é missão e salvação para o mundo. Esta comunidade testemunha com a vida a boa nova do evangelho, e se convertendo.

Aclamação ao Evangelho Jo 14,23
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. "Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e a ele nós viremos. (R)

Evangelho: Amarás o Senhor teu Deus, e ao teu próximo como a ti mesmo
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 22,34-40: Naquele tempo, 34 os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo: 36 "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" 37 Jesus respondeu: "'Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu co ração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento!' 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: 'Amarás ao teu próximo como a ti mesmo'. 40 Toda a Lei e os profetas dependem desses dois mandamentos".  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: O mandamento do amor
Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas ; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus. Esta narrativa do evangelho é encontrada nos três sinóticos. Em Marcos e Mateus ela se articula com a fala de Jesus sobre o casamento e a ressurreição, confundindo os saduceus que o questionavam. Lucas, por sua vez, usa esta narrativa como introdução à sua parábola do "filho pródigo". Na narrativa de Marcos, que é a mais antiga, o diálogo entre Jesus e o fariseu se faz de maneira pacífica. Nesta narrativa de Mateus, a pergunta sobre o maior mandamento é feita por um doutor da Lei, a Jesus para tentá-lo (experimentá-lo). Os peritos da Lei haviam listado 613 mandamentos (365 negativos e 248 positivos), que eram atribuídos a Moisés, porém que, na realidade, foram incorporados à Lei, ao longo da história de Israel. No seu bojo a Lei continha elementos que favoreciam as classes dominantes, a corte real ou as elites religiosas. O caráter divino atribuído à Lei respaldava, assim, estes interesses. Por influência do movimento profético, encontravam-se, também, na Lei textos que defendiam os pobres e excluídos, expressos nas categorias do estrangeiro, do órfão e da viúva. Jesus com freqüência referiu-se à Lei como superada e às vezes contraditória com o seu projeto de libertação e vida para todos homens e mulheres. A novidade de Jesus é como um pano novo que não pode servir de remendo para roupa velha (Mt 9,16-17). A Lei e os Profetas até João! Daí em diante a Boa Nova do Reino de Deus (Lc 16,16). Era comum entre os doutores da lei a discussão sobre qual seria o principal mandamento. Muitos tinham a opinião que o principal era o mandamento da observância sabática. Nos conflitos com Jesus vê-se que um dos pontos de atrito era o fato dele ferir esta observância sabática. A originalidade da resposta de Jesus está em unir dois importantes mandamentos da tradição: o amor a Deus e o amor ao próximo. Comumente se considera que amar a Deus consiste na prática de cultos e observâncias religiosas ou ascéticas. Ao contrário, Jesus coloca o amor de Deus exprimindo-se concretamente no amor do próximo, que se iguala ao amor de si mesmo.