Primeira Leitura: Exulto de alegria no Senhor
Leitura do Livro do Profeta Isaías 61,1-2a.10-11: 1
O espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me
para dar a boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção
para os cativos e a liberdade para os que estão presos; 2a para
proclamar o tempo da graça do Senhor. 10 Exulto de alegria no Senhor
e minh'alma regozija-se em meu Deus; ele me vestiu com as vestes da salvação,
envolveu-me com o manto da justiça e adornou-me como um noivo com sua coroa, ou
uma noiva com suas jóias. 11 Assim como a terra faz brotar a planta
e o jardim faz germinar a semente, assim o Senhor Deus fará germinar a justiça
e a sua glória diante de todas as nações. - Palavra do Senhor!
Comentário: Boa nova para os pobres
O profeta é enviado para proclamar a Boa Notícia da
libertação (vv. 1-3ª), e os destinatários são os pobres (v. 1), porque estão
abertos à fraternidade e à partilha. Para que a libertação se torne realidade,
deverá acontecer no país uma restauração, que se abre para o futuro. Dentro do
país, terá que triunfar a justiça nas relações entre os cidadãos; fora, terão
que cessar as injustiças e opressões contra o país. A condição para acabar com
as opressões externas é abolir as explorações que existem dentro do país; para
isso, é preciso reconstruir a cidade e reestruturar o campo, através de uma
nova política agrícola e pastoril. Não basta estar na terra; é preciso
possuí-la. Após sair da escravidão, é preciso caminhar para a libertação e
dar-lhe consistência, restaurando o país dilapidado. Os estrangeiros já não
irão explorar, mas participarão da partilha, através do trabalho (vv. 4-5).
Dessa maneira, o povo será sacerdote ou ministro de Deus (v. 6), isto é, será
oficiante de um culto que agrada a Deus (cf. cap. 58). Se há injustiça no país,
exige-se conversão; se a injustiça vem de fora por mão de outros, deverão ser
enfrentados. Direito e justiça são o fiel da balança (v. 8a); através deles
haverá alegria (v. 7), fidelidade a Deus (Aliança v. 8b), bênção e
reconhecimento das nações (v. 9): é o ano da graça de Deus.
Salmo Responsorial - Lc 1,46-48.49-50.53-54 (R. Is 61,10b)
R. A minh'alma se
alegra no meu Deus.
46 A minha alma engrandece ao Senhor, 47
e se alegrou o meu espírito em Deus, meu salvador. 48 Pois, ele viu
a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de
bendita. (R)
49 O poderoso fez por mim maravilhas e santo é o
seu nome! 50 Seu amor, de geração em geração, chega a todos que o,
respeitam. (R)
53 De bens saciou os famintos e despediu, sem
nada, os ricos. 54 Acolheu Israel, seu servidor, fiel a seu
amor. (R)
Comentário: Deus assume o partido dos pobres
O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhece a
vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa. Deus
assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história,
invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os
pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.
Segunda Leitura: Vosso espírito, vossa alma e vosso corpo sejam conservadas para a vinda
do Senhor
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos
Tessalonicenses 5,16-24: Irmãos: 16 Estai sempre alegres!
17 Rezai sem cessar. 18 Dai graças em todas as
circunstâncias, porque essa é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus
Cristo. 19 Não apagueis o espírito! 20 Não desprezeis as
profecias, 21 mas examinai tudo e guardai o que for bom. 22
Afastai-vos de toda espécie de maldade! 23 Que o próprio Deus da paz
vos santifique totalmente, e que tudo aquilo que sois - espírito, alma, corpo -
seja conservado sem mancha alguma para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! 24
Aquele que vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso. - Palavra do Senhor!
Comentário: Os conselhos de Paulo
Paulo termina a carta com diversos conselhos para a
construção e crescimento da comunidade: respeitar os que têm o encargo de
dirigir, ajudar os irmãos que estão em dificuldade, viver em clima de alegria e
oração. Os vv. 19-21 convidam os cristãos a exercitar o discernimento e
espírito crítico, para se tornarem capazes de reconhecer e assimilar o bem,
onde quer que este se encontre. Espírito, alma e corpo (v.23) segnificam aqui o
homem inteiro na sua vida concreta, participando do Espírito de Deus.
Aclamação ao Evangelho Is 61,1 (Lc 4,18)
R. Aleluia, Aleluia,
Aleluia.
V. O Espírito do Senhor sobre mim fez a sua unção, enviou-me
aos empobrecidos a fazer feliz proclamação.
(R)
Evangelho: No
meio de vós está aquele que vós não conheceis
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,6-8.19-28:
6 Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7
Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem
à fé por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho
da luz. 19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram,
de Jerusalém, sacerdotes e levitas para perguntar: "Quem és tu?" 20
João confessou e não negou. Confessou: "Eu não sou o Messias". 21
Eles perguntaram: "Quem és, então? És Elias?" João Respondeu:
"Não sou". - "És o profeta?" - Ele respondeu:
"Não". 22 Perguntaram então: "Quem és, afinal? Temos
que levar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?" 23
João declarou: "Eu sou a voz que grita no deserto: "Aplanai o caminho
do Senhor!", conforme disse o profeta Isaías. 24 Ora, os que
tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25 e perguntaram:
"Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o
profeta?" 26 João respondeu: "Eu batizo com água;mas no meio
de vós está aquele que vós não conheceis, 27 e que vem depois de
mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias". 28
Isso aconteceu em Betânia além do Jordão, onde João estava batizando. - Palavra da Salvação!
Comentário: O testemunho de João Batista
Quando João Batista começou
a pregação, os judeus estavam esperando o Messias, que iria libertá-los da
miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a chegada do Messias
estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o batismo. As
autoridades religiosas estavam preocupadas e mandaram investigar se João
pretendia ser ele o Messias. João nega ser o Messias, denuncia a culpa das
autoridades, e dá uma notícia inquietante: o Messias já está presente a fim de
inaugurar uma nova era para o povo. Messias é o nome que os judeus davam ao
Salvador esperado. Também o chamavam o Profeta. E, conforme se acreditava,
antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias. João Batista é a
testemunha que tem como função preparar o caminho para os homens chegarem até
Jesus. Ora, a testemunha deve ser sincera, e não querer o lugar da pessoa que
ela está testemunhando. Os quatro evangelhos apresentam o início do ministério
de Jesus a partir do batismo de João. João Batista é o precursor de Jesus;
Jesus se faz seu discípulo e dá continuidade ao seu anúncio da conversão e da
chegada do Reino de Deus de maneira inovadora. João Batista rompe com sua
linhagem sacerdotal e com o Templo de Jerusalém. No deserto, ele anuncia o
perdão dos pecados pela prática da justiça. Jesus, Filho de Deus, por sua vez
anuncia a nova criação, na qual, pela encarnação e pela graça de Deus, todos
são chamados a participar da filiação divina e da vida eterna. Portador do
Espírito de Deus, Jesus comunica a todos o amor pleno, que liberta e leva à
comunhão com o Pai. João Batista e, em continuidade a ele, Jesus fizeram o
anúncio da chegada de Deus entre as populações excluídas da periferia, descartando
Jerusalém e as cidades onde se concentravam as elites econômicas e religiosas.
As multidões acorriam a eles, o que suscitou desconfiança e temor entre estas
elites. O movimento de João Batista tomou grande impulso e assim permaneceu
mesmo após a morte de seu fundador, seguindo em paralelo às primeiras
comunidades cristãs. Assim sendo, percebe-se nos evangelistas uma grande
insistência em acentuar a figura de João como subalterna à de Jesus, a fim de
convencer os discípulos de João a se inserirem nestas comunidades cristãs.
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