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sábado, 30 de julho de 2011

Liturgia Dominical do 18ª DTC - A - 31-07-2011


18º DTC - Ano A - Dia 31/07/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Apressai-vos, e comei!
Leitura do Livro do Profeta Isaías 55,1-3: Assim diz o Senhor: 1 ”Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. 2 Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção, e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo. 3 ínclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças concedidas a Davi. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Deus oferece a vida
Numa sociedade dominada pelo ídolo dinheiro, o povo gasta tudo o que tem e acaba na sede e fome. O profeta convida a uma nova aliança com Deus que coloca a vida humana como supremo valor, transformando todas as relações sociais e assegurando a todos alimento e dignidade. A realização desse projeto atrairá os povos, porque verão que esse é o verdadeiro projeto para a vida. Deus tem um projeto de verdadeira realização para a história: liberdade e vida para todos. Esse projeto é revelado aos homens através da Palavra que, gerando acontecimentos, concretiza o projeto de Deus. A sabedoria do homem consiste em procurar Deus, isto é, converter-se para ele, ouvir a sua palavra e tornar-se aliado seu na luta em prol da liberdade e vida para todos.

Salmo Responsorial - Sl 144(145),8-9.15-16.17-18 (R. cf. 16)
R. Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos.
8 Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão. 9 O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. (R)
15 Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento; 16 vós abris a vossa mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fartura. (R)
17 É justo o Senhor em seus caminhos, é santo em toda obra que ele faz. 18 Ele está perto da pessoa que o invoca, de todo aquele que o invoca lealmente. (R)

Comentário: Deus merece o louvor
Hino de louvor ao Nome e ao amor de Deus, testemunhos da história
O louvor ao Nome, revelado no momento da grande libertação, recorda que o Deus vivo é o libertador. O louvor é um reconhecimento das obras que Deus realiza na história. Transmitido de geração em geração, esse louvor mantém a fé que constrói a história segundo o projeto de Deus. O centro desse projeto é o amor de Deus criando liberdade e vida. O Reino de Deus é o amor partilhado entre todos os homens, para eliminar as divisões e desigualdades. O amor de Deus, porém, age de forma partidária, assumindo a causa dos oprimidos que o invocam e colocando-se contra os opressores. Termina com o convite para que todos reconheçam a santidade do Deus libertador.

Segunda Leitura: Nenhuma criatura poderá nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,35.37-39: Irmãos, 35 Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? 37 Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou! 38 Tenho a certeza que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, 39 nem a altura nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Nenhuma criatura será capaz de nos separar do amor de Deus
Com o amor de Deus, manifestado em seu Filho, nada mais temos a temer: nem dificuldades, nem perseguições, nem martírio, nem qualquer forma de dominação. Nada poderá desfazer o que Deus já realizou. Nada poderá impedir o testemunho dos cristãos. E nada poderá opor-se à plena realização do projeto de Deus. Para além de qualquer esperança, ainda na situação mais triste, Deus “ilumina sua face sobre qualquer de nós”. É uma garantia de amor, que cobre a vida de todas as pessoas. Foi paga por Cristo. Essa página não foi lida, mas pregada por muitos cristãos nos campos de extermínio nazistas. Numa moldura de gênero o quadro assume todo o seu valor. Mas também no conjunto obscuro e monótono do cotidiano acende uma luz de ardente confiança. Todo dia, e mesmo todo instante, é novo, tocado como é pelo amor de Deus.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 4,4b
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. O homem não vive somente de pão, mas vive de toda palavra que sai da boca de Deus, e não só de pão. Amém. Aleluia, Aleluia!      (R)

Evangelho: Todos comeram e ficaram satisfeitos
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 14,13-21: Naquele tempo, 13 quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas, quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14 Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15 Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: "Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!" 16 Jesus, porém, lhes disse: "Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!" 17 Os discípulos responderam: "Só temos aqui cinco pães e dois peixes". 18 Jesus disse: "Trazei-os aqui". 19 Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida, partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos distribuíram às multidões. 20 Todos comeram e ficaram satisfeitos, e, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21 E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: O banquete da vida       
Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. O grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa. Mateus salienta o comportamento de Jesus: ele não é fanático, querendo enfrentar imediatamente Herodes; mas também não é fatalista, deixando as coisas correr como estão. Ele continua fiel à missão de servir ao seu povo. Reúne e alimenta as multidões sofredoras, realizando os sinais de um novo modo de vida e de anúncio do Reino. A Eucaristia é o sacramento-memória dessa presença de Jesus, lembrando continuamente qual é a missão a que nós, cristãos, fomos chamados. O texto de hoje se inicia dizendo que, “quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barca para um lugar deserto e afastado” (versículo 13a). Essa informação de Mateus é importante porque associa, por contraste, o que virá ao que precedeu. É bom, portanto, que nos detenhamos um pouco no episódio anterior (14,1-12). Herodes celebra um banquete com seus oficiais, no dia de seu aniversário. É o banquete dos poderosos (Herodes personifica o poder tirano) que buscam ter vida matando a esperança do povo, João Batista (cf. versículo 5: “o povo o considerava um profeta”). O banquete de Herodes com seus oficiais demonstra o que os poderosos entendem por vida e como garantem para si vida em abundância. Por isso, a corte de Herodes é o lugar onde se decreta, por pressões, jogos de interesse e convenções, a morte das esperanças populares. O banquete de Herodes é um banquete de morte. Diante disso, Jesus se retira a um lugar deserto. A menção do deserto evoca a idéia do êxodo, onde nasceu e se forjou a sociedade alternativa. A partir do deserto Jesus vai inaugurar o mundo novo, dando vida ao povo, em vez de sufocá-la e eliminá-la. João Batista foi preso e executado por Herodes, instigado pelos chefes religiosos das sinagogas e do Templo de Jerusalém. Eles temiam João por seu anúncio libertador, conclamando à prática da justiça, e pela sua grande acolhida entre as multidões. Jesus percebe que ele próprio também é passível de sofrer o mesmo processo repressivo. Tendo se retirado a um lugar deserto, Jesus é seguido pelas multidões de excluídos. A exclusão social e econômica leva a carências que favorecem a proliferação de doenças, daí a freqüente referência aos doentes que são apresentados a Jesus. Os evangelhos mencionam que Jesus é "movido de compaixão" diante de tal situação. Ao entardecer os discípulos sugerem que as multidões sejam enviadas para comprar comida. Jesus, porém, apresenta-lhes outra solução: "Vós mesmos dai-lhes de comer". É a abolição de uma sociedade escrava do dinheiro e do mercado pela implantação da nova sociedade livre, na prática da fraternidade e da partilha. Há uma compreensão comum de que Jesus fez os pães se multiplicarem. Contudo, ao ser tentado pelo demônio, após seu batismo, Jesus rejeitou transformar pedras em pães (Mt 4,3-4). Assim também não cabe a Jesus transformar pão em pães, multiplicando-os. Jesus fez um gesto de partilha, com o que tocou os corações dos demais. Assim todos aqueles que tinham algum alimento o partilharam também, e todos ficaram saciados. O milagre de Jesus é tocar os corações, comunicando-lhes seu amor solidário e fraterno. Jesus abençoa os pães e peixes que os discípulos lhe trazem. Abençoar significa redirecionar a Deus aquilo que é de Deus. Significa desvincular os bens da posse excludente para libertar o dom de Deus em sua criação colocando-o ao alcance de todos. A benção liberta também o coração, e a generosidade leva à partilha e à saciedade de todos. A partilha é a expressão do amor de Jesus. Nada nos separa deste amor que se manifesta hoje nas pessoas e comunidades que buscam a justiça e consolidam a fraternidade.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Liturgia do dia 27 de Julho de 2011


Quarta-Feira da 17ª STC - Ano A - Dia 27/07/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Os filhos de Israel, vendo o rosto de Moisés resplandecente, tiveram medo de se aproximar
Leitura do Livro do Êxodo 34,29-35: 29 Quando Moisés desceu da montanha do Sinai, trazendo nas mãos as duas tábuas da aliança, não sabia que a pele do seu rosto resplandecia por ter falado com o Senhor. 30 Aarão e os filhos de Israel, vendo o rosto de Moisés resplandecente, tiveram medo de se aproximar. 31 Então Moisés os chamou, e tanto Aarão como os chefes da comunidade foram para junto dele. E, depois que lhes falou, 32 todos os filhos de Israel também se aproximaram dele, e Moisés transmitiu-lhes todas as ordens que tinha recebido do Senhor no monte Sinai. 33 Quando Moisés acabou de lhes falar, cobriu o rosto com um véu. 34 Todas as vezes que Moisés se apresentava ao Senhor, para falar com ele, retirava o véu, até a hora de sair; depois saía e dizia aos filhos de Israel tudo o que lhe tinha sido ordenado. 35 E eles viam a pele do rosto de Moisés resplandecer; mas ele voltava a cobrir o rosto com o véu, até o momento em que entrava para falar com o Senhor. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Os filhos de Israel vendo o rosto de Moisés resplandecente, tiveram medo de se aproximar
Deus é esplendor (Ex 33,19), e o contato com Deus torna o homem resplandecente, isto é, refletindo a imagem de Deus. Paulo relembra esta passagem, para falar que o cristão é transformado em imagem de Deus (2Cor 3,7-8.18). Moisés avizinhou-se de Deus, falou com ele; Deus lhe deu "lei", que é fonte de santidade (Ex 20,1-17 Dt 5,6-22). A "glória" de Deus reflete-se em seu profeta, o rosto de Moisés "irradia". Quem se encontrou com pessoas verdadeiramente santas, como o papa João XXIII, viu uma luz interior transparecer-lhe no rosto, algo indescritível que manifesta uma especial presença de Deus. E isto pode acontecer com todos. O salmista sugeria: "Olhai para Deus e sereis radiantes, não serão confundidas vossas faces" (Sl 33,6). Paulo contrapõe ousadamente a Moisés, mediador "luminoso, mas velado", a "glória do Senhor" que se reflete "como em espelho" também em nós, que o olhamos "de rosto descoberto": somente Cristo tira o véu que nos cobre (2Cor 3,7-18). Cristo é "velado" só para quem o recusa; quem o aceita vê o glorioso esplendor de sua face (2Cor 4,1-6; Cl 1,15; Hb 1,3; Jo 8,12).

Salmo Responsorial - 98(99),5.6.7.9 (R. cf. 9c)
R. Santo é o Senhor nosso Deus!
5 Exaltai o Senhor nosso Deus, e prostrai-vos perante seus pés, pois é santo o Senhor nosso Deus! (R)
6 Eis Moisés e Aarão entre os seus sacerdotes. E também Samuel invocava seu nome, e ele mesmo, o Senhor, os ouvia. (R)
7 Da coluna de nuvem falava com eles. E guardavam a lei e os preceitos divinos, que o Senhor nosso Deus tinha dado. (R)
9 Exaltai o Senhor nosso Deus, e prostrai-vos perante seu monte, pois é santo o Senhor nosso Deus! (R)

Comentário: Deus é santo
Hino à realeza de Deus, com três aclamações à santidade dele. Talvez este salmo seja o pano de fundo da vocação de Isaías (cf. Is 6,1-10).
A realeza de Deus é uma crítica às pretensões da auto-suficiência, que cria desigualdades e injustiças. A aclamação “ele é santo” se repete nos versículos 5 e 9. A santidade de Deus se demonstra em seus atos históricos para libertar os pobres e oprimidos, fundando uma nova história. O reconhecimento social da santidade de Deus leva o povo a organizar uma sociedade alternativa, em que a justiça e o direito produzem relações igualitárias entre as pessoas Contudo, a encarnação histórico-social da santidade de Deus não pode ser fechada num tempo ou espaço. Tal fechamento pode produzir novas formas de injustiça, isto é, de pecado, que o clamor do povo denuncia. Este exige também que os legítimos mediadores (Moisés, Aarão, Samuel) liderem uma conversão histórico-social que realmente produza novas encarnações da santidade de Deus.

Aclamação ao Evangelho Jo 15,15b
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu vos chamo meus amigos, pois, vos dei a conhecer o que o Pai me revelou.     (R)

Evangelho: Ele vende todos os seus bens e compra aquele campo
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,44-46: Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44 “O reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola". Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: O valor infinito do Reino
Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa. Quanta coisa o discípulo deixa de lado quando abraça o Reino! O eventual sentimento de perda, por ter que abrir mão de coisas às quais se tinha apegado, é superado quando descobre o valor infinito do Reino de Deus. O Reino e Deus não são duas entidades distintas. São uma só e mesma coisa. O Reino é Deus atuando na história humana com o fito de resgatá-la do pecado. É o Criador buscando libertar a criatura humana de tudo quanto a oprime e a mantém escravizada. É o Senhor de todas as coisas que recupera o senhorio absoluto sobre cada ser humano e sobre a História, instaurando o regime do perdão e da graça. É o triunfo da misericórdia, da solidariedade, da partilha, da fraternidade, da justiça! Existem elementos claramente incompatíveis com o Reino. O discípulo desde logo reconhece ser impossível combiná-los com a sua opção, e percebe a importância de deixá-los de lado. Entretanto, existem bens que não são incompatíveis com o Reino. No entanto, em determinado momento, o discípulo descobre tratar-se de bens menores que devem ser substituídos por um bem maior. Os personagens da parábola são um exemplo de esperteza: chegam a uma decisão rápida e inteligente. Assim deve agir o discípulo quando se defronta com o Reino e descobre seu valor infinito: "vender tudo quanto possui" para adquiri-lo. Além das sete parábolas agrupadas neste capítulo 13, Mateus apresenta mais oito parábolas bem caracterizadas. Deste total de quinze parábolas, oito são exclusivas de Mateus, entre as quais encontram-se as duas curtas parábolas de hoje. Em nove parábolas encontramos uma característica, também exclusiva, de Mateus que é iniciá-las com a expressão: "O Reino dos Céus é como...". Nas duas parábolas de hoje, alguém descobre algo de muito valor e vende tudo para comprá-lo. Na primeira parábola trata-se do homem que acha o tesouro escondido em um campo. Na segunda, trata-se de um negociante que acha uma pérola de grande valor, posta à venda. Nos dois casos o grande valor dos objetos encontrados é desconhecido dos respectivos proprietários: o tesouro no campo, sem que o dono o perceba, e a pérola cujo valor o vendedor desconhece. A ambição da riqueza e o ardil usado pelos personagens principais não são edificantes. Porém, a mensagem principal é que existe um bem maior do que qualquer riqueza deste mundo. Mais do que o tesouro encontrado no campo ou a pérola, a descoberta do Reino dos Céus nos enche de alegria e nos move a abandonar tudo para priorizar os valores deste Reino, fazendo-nos disponíveis para o serviço ao nosso próximo mais necessitado, em comunhão com Jesus e o Pai.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Liturgia Dominical do 17º DTC - A - 24/07/2011


17º DTC – A - Dia 24/07/2011 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Pediste-me sabedoria
Leitura do Primeiro Livro dos Reis 3,5.7-12: Naqueles dias, 5 Em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: "Pede o que desejas, e eu to darei". 7 E Salomão disse: "Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. 8 Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. 9 Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?" 10 Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. 11 E Deus disse a Salomão: "Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, 12 vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti nem haverá depois de ti".  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Para governar é preciso ouvir
O sonho de Salomão mostra que o grande anseio do povo é ter uma autoridade realmente capaz de discernir e realizar a justiça. Para isso, a principal tarefa da autoridade consiste em saber ouvir. É o requisito básico, não só para resolver questões no tribunal, mas também para o exercício contínuo de um governo justo. Autoridade justa age sempre a partir de assessoramento que lhe permita ouvir as legítimas aspirações e reivindicações do povo. Em outras palavras, a verdadeira função da autoridade é servir ao povo, que pertence a Deus.

Salmo Responsorial - Sl 118(119),57.72.76-77.127-128.129-130     (R. 97a)
R. Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
57 É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossas palavras, ó Senhor! 72 A lei de vossa boca, para mim, vale mais do que milhões em ouro e prata.    (R)
76 Vosso amor seja um consolo para mim, conforme a vosso servo prometestes. 77 Venha a mim o vosso amor e viverei, porque tenho em vossa lei o meu prazer!     (R)
127 Por isso amo os mandamentos que nos destes, mais que o ouro, muito mais que o ouro fino! 128 Por isso eu sigo bem direito as vossas leis, detesto todos os caminhos da mentira.   (R)
129 Maravilhosos são os vossos testemunhos, eis por que meu coração os observa! 130 Vossa palavra, ao revelar-se, me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.   (R)

Comentário: A palavra de Deus ilumina o caminho do homem
Grande meditação sapiencial sobre a Lei de Deus, que aponta o caminho para a justiça e a vida. A pretensão do autor é fazer um grande elogio da palavra que revela e faz compreender o projeto de Deus
A Palavra é a revelação de Deus, que leva o povo a descobrir o sentido da vida e a discernir o seu caminho na história, em meio às diversas situações. Essa Palavra é praticamente a Bíblia toda, principalmente o Novo Testamento. Neste, como diz João, “a Palavra se fez homem e habitou entre nós” (Jo 1,14). Dessa forma Jesus é não só o maior intérprete da Palavra, mas também sua concretização definitiva.

Segunda Leitura: Ele nos predestinou para sermos conformesn à imagem de seu Filho
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 8,28-30: Irmãos, 28 Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. 29 Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30 E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus
O projeto eterno de Deus é predestinar, chamar, tornar justo e glorificar a cada um e a todos os homens, fazendo com que todos se tornem imagem do seu Filho e se reúnam como a grande família de Deus. O projeto não exclui ninguém. Mas o homem é livre: pode aceitar ou recusar tal projeto, pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se. Deus nos ama; seu amor é tão forte que é pessoa, o Espírito Santo. Ele é que dá sentido à pobre linguagem de nossa prece. Fá-lo em silêncio, com “gemidos indizíveis”, intraduzíveis em nossa linguagem cotidiana. O Espírito não opera na freqência de onda do fracasso humano. Temos necessidade de erradicar o verbalismo rumoroso de nossa oração. O silêncio é preferível à multiplicação de palavras. A retórica vazia faz mal especialmente quando se quer seriamente rezar: “Seja vossa linguagem: sim, sim; não, não. O que excede isso é mal”. Também na oração.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 11,25
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu te louvo, ó Pai, Santo, Deus do céu, Senhor da terra: os mistérios do teu reino aos pequenos, Pai, revelas!   (R)

Evangelho: Ele vende todos os seus bens e compra aquele campo
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,44,52: Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 44 “O reino dos céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O reino dos céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola". 47 "O reino dos céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48 Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49 Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50 e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51 Compreendestes tudo isso?" Eles responderam: "Sim". 52 Então Jesus acrescentou: "Assim, pois, todo mestre da lei, que se torna discípulo do reino dos céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: O tesouro escondido
Para entrar no Reino é necessária decisão total. Apegar-se a seguranças, mesmo religiosas, que são falsas ou puras imitações, em troca da justiça do Reino, é preferir bijuterias a uma pedra preciosa. A consumação do Reino se realiza através do julgamento que separa os bons dos maus. Os que vivem a justiça anunciada por Jesus tomarão parte definitiva no Reino; os que não vivem serão excluídos para sempre. É preciso decidir desde já. As parábolas revelam o segredo de Deus para aqueles que têm fé. Por isso, o doutor da Lei que se torna discípulo de Jesus é capaz de ver a ligação entre o Antigo e o Novo Testamento. Em Jesus tudo se renova e toma novo sentido. Nestes últimos domingos vêm sido lidas as parábolas reunidas por Mateus no capítulo 13 de seu evangelho. Os evangelistas, em seus textos, refletem as tradições das comunidades que se sucederam ao ministério de Jesus, dando um destaque às parábolas e aos milagres de Jesus. Particularmente Mateus, que de maneira didática escreve para comunidades de discípulos oriundos do judaísmo, reúne um bloco de sete parábolas (cap. 13) e um bloco de dez milagres (cap. 8 e 9). Hoje temos a narrativa das três últimas parábolas. As duas primeiras parábolas revelam a supremacia absoluta do Reino dos Céus em relação a qualquer riqueza terrena. O discípulo que percebe esta supremacia e despoja-se de tudo e adere ao Reino. A terceira parábola tem certa semelhança com a parábola do joio e do trigo. Contudo aqui o núcleo da parábola é o julgamento escatológico, no fim dos tempos, com a separação entre os maus e os justos. Este dualismo entre maus e justos é uma herança do Primeiro Testamento, e foi descartada e superada por Jesus. Particularmente o destino final dos maus, lançados na fornalha de fogo, com ranger de dentes, é um ato cruel que destoa com a prática misericordiosa e amorosa de Jesus. Na primeira leitura é mencionada a figura controvertida de Salomão. Por um lado é exaltado no seu poder, em suas posses, em seu harém, caracterizado por sua opressão sobre o povo. Por outro lado o texto de hoje lhe atribui grande sabedoria, o que ficou marcante na tradição de Israel e judaica. Na comparação final, pode-se pensar que tenhamos uma identificação do autor do evangelho, atribuído a Mateus. Seria o autor este escriba que se tornou discípulo do Reino e reviu suas tradições, tirando delas coisas novas e velhas?

APROFUNDANDO NA PALAVRA: O Reino de Deus
Existe um evidente contraste entre a riqueza do ensinamento bíblico sobre o "Reino" e a pobreza da idéia que dele têm os cristãos. A imagem de Reino não lembra mais quase nada às nossas mentes. E mesmo que continuem a persistir algumas expressões no vocabulário eclesial corrente (construção do Reino, vinda do Reino...), parece que perderam seu dinamismo interior e um conteúdo claro e definido. No entanto, o Reino constitui o objeto primário da pregação de João Batista e Jesus iniciam sua pregação como anúncio de alegria: "Está próximo o Reino de Deus". A Boa-nova proclamada por Jesus é, em suma, a vinda do Reino. Que quer dizer-nos Jesus?
O plano salvífico de Deus.
Usando uma expressão altamente significativa para o povo eleito (o Antigo Testamento já esboça a doutrina do Reino!), o Messias quer anunciar a Israel que a longa expectativa já está terminada; as promessas, que constituíam a substância e o fundamento da sua esperança, se tornaram agora realidade. Mas, ao mesmo tempo. Jesus quer corrigir toda uma mentalidade que se havia sedimentado há séculos na consciência de Israel: o Reino de Deus não consiste na restauração da monarquia davídica nem numa compensação de tipo nacionalista.
Jesus se insere na linha dos profetas quando compara o Reino por ele anunciado ao tesouro ou à pérola preciosa (evangelho), diante dos quais tudo o mais é desprovido de valor; quando afirmam que a Boa nova é anunciada aos pobres e só se chega a esse Reino assumindo as exigências bem precisas que se resumem na palavra: conversão, penitência.
Comparando o Reino com a semente, o grão de mostarda, o lêvedo, Jesus quer dizer que este Reino já está presente, mas ainda longe sua realização definitiva. Edificar-se-á gradualmente, graças à fidelidade dos discípulos ao mandamento novo do amor sem limites. Trata-se de um Reino que não é deste mundo, embora sua construção comece aqui. E um Reino universal, aberto a todos, porque é o Reino do Pai, comum a todos os homens.
Reino de Deus e Igreja
O tema do Reino de Deus e da Igreja estão estreitamente ligados, mas não indicam a mesma realidade.
Na perspectiva de sua consumação final, a Igreja coincide verdadeiramente como Reino; mas em sua realidade histórica e sociológica na terra, a Igreja é unicamente o terreno privilegiado - e sempre ambíguo, por causa do pecado - em que se edifica lentamente o Reino; esse Reino não está preso a nenhuma realidade sociológica, nem mesmo de caráter religioso; vai sempre além de qualquer realização concreta em que se manifesta.
O Reino de Deus já está presente, como uma semente; mas é necessário que cresça. Instaurado por Jesus, é certamente a atualização da antiga esperança, mas terá que se edificar progressivamente em toda a face da terra. É papel dos cristãos serem os artífices desta construção, sob o impulso do Espírito; como a Igreja, estão eles, antes de tudo, a serviço do Reino.
Depois dos primeiros tempos, a Igreja compreendeu que o Reino não é objeto de expectativa passiva; para tomar-se a realidade definitiva, cujo penhor se possui, exige o esforço constante e ativo de todos. No Reino de Deus, tudo lá está realizada, mas tudo deve ainda realizar-se, e se realiza cada dia com a intervenção conjunta, em Cristo Jesus, de Deus e dos homens.
A Igreja, germe e início do Reino
Até há pouco tempo, o perigo para os cristãos era identificar o Reino de Deus com a Igreja-instituição. Hoje, parece verificar-se o perigo contrário, isto é, o de se esquecer de que a Igreja não se identifica com o Reino; "constitui, na terra, o germe e o inicio deste Reino"
A evangelização, sensível aos valores humanos atuais, esforça-se por inserir-se cada vez mais profundamente na vida, na situação e cultura humana; mas se inclina a transferir para um futuro não facilmente previsível o convite à conversão, a pregação da mensagem, a proposta de uma inserção plena na Igreja, por respeito aos tempos de maturação e aos ritmos lentos da conversão. O perigo está numa falsa concepção da missão da Igreja, e na inconsciente tentativa de reduzir a dimensão do cristianismo. Certa catequese, por exemplo, para ser fiel ao homem não é mais fiel a Deus, e assim trai a fidelidade radical ao homem, cujo plano coincide com o de Deus.