Sendo Jesus o Filho do Homem, pleno de poderes recebidos do
Pai, podia agir com liberdade diante da tradição. Pouca importância tinha para
ele as distinções minuciosas e as interpretações casuístas que corriam nos
ambientes farisaicos. No caso do repouso sabático, colocava-se acima dos
limites sutis entre as ações proibidas e aquelas permitidas, no dia consagrado
ao Senhor.
Daí sua atitude de
indiferença quanto ao fato de seus discípulos, ao atravessar um trigal em dia
de sábado, terem apanhado espigas e comê-las. Em que este gesto representava um
desrespeito a Deus? Por que classificá-lo como pecaminoso e, por isso,
proibi-lo? Jesus não via nele motivos para censurar seus discípulos, e
impedi-los de praticar esta ação.
Se Davi tomou a
liberdade de saciar sua fome com pães consagrados, que só aos sacerdotes era
permitido comer, o Filho do Homem estava agindo muito mais corretamente com os
seus discípulos! Sua superioridade em relação ao antigo rei de Israel permitia-lhe
liberá-los da submissão às prescrições judaicas.
Jesus concedia,
assim, aos discípulos uma liberdade desconhecida no mundo dos mestres da Lei e
dos fariseus. A ação de Jesus fundava-se num dado que seus adversários
desconheciam: sua condição de Filho de Deus.
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