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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

5º. DTC - Ano B - Dia 05/02/2012 - Cor: Verde


Primeira Leitura: Encho-me de sofrimentos até ao anoitecer
Leitura do Livro de Jó 7,1-4.6-7: Jó disse: 1 “Não é acaso uma luta a vida do homem sobre a terra? Seus dias não são como dias de um mercenário? 2 Como um escravo suspira pela sombra, como um assalariado aguarda sua paga, 3 assim tive por ganho meses de decepção, e couberam-me noites de sofrimento. 4 Se me deito, penso: Quando poderei levantar-me? E, ao amanhecer, espero novamente a tarde e me encho de sofrimentos até ao anoitecer. 6 Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira do tear e se consomem sem esperança. 7 Lembra-te de que minha vida é apenas um sopro e meus olhos não voltarão a ver a felicidade! Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário:
A condição do doente é tão dolorosa que o tempo parece arrastar-se lentamente. Por trás da impaciência esconde-se o anseio pela cura ou, se esta é impossível, pela libertação do sofrimento através da morte. A dor não só provoca a sensação de que o tempo se arrasta, mas também faz descobrir que a vida é extremamente curta e frágil.

Salmo Responsorial - Sl 146(147),1-2.3-4.5-6 (R. cf. 3a)
R. Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
1 Louvai o Senhor Deus, porque ele é bom, cantai ao nosso Deus, porque é suave: ele é digno de louvor, ele o merece! 2 O Senhor reconstruiu Jerusalém, e os dispersos de Israel juntou de novo. (R)
3 ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura; 4 fixa o número de todas as estrelas e chama a cada uma por seu nome. (R)
5 É grande e onipotente o nosso Deus, seu saber não tem medida nem limites. 6 O Senhor Deus é o amparo dos humildes, mas dobra até o chão os que são ímpios. (R)

Comentário: É bom louvar a Deus
Hino de louvor ao Deus que liberta e restara a vida do seu povo
Este salmo nos mostra o povo louvando a Deus, cujos motivos fundamentais são: a volta do exílio e a reconstrução de Jerusalém. Deus é o Senhor do universo, conduzindo o ritmo da natureza. É também o Senhor da história, onde realiza o julgamento para libertar os pobres. Sua exigência é que o povo o reconheça como único Deus e confie no seu amor e fidelidade.

Segunda Leitura: Ai de mim, se eu não pregar o Evangelho
Leitura da Primeira Carta de São João aos Coríntios 9,16-19.22-23: Irmãos: 16 Pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não pregar o evangelho! 17 Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado. 18 Em que consiste então o meu salário? Em pregar o evangelho, oferecendo-o de graça, sem usar os direitos que o evangelho me dá. 19 Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 22 Com os fracos, eu me fiz fraco, para ganhar os fracos. Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. 23 Por causa do evangelho eu faço tudo, para ter parte nele. Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Ai de mim, se eu não pregar o Evangelho
Paulo não reivindica nenhum direito. Não considera seu ministério como profissão, da qual poderia tirar proveito e prestigio, mas como missão, na qual o Senhor o empenhou pessoalmente. Paulo vive a liberdade radical, que o leva a tornar-se disponível e solidário para com todos. Todos nós temos o dever de evangelizar, seja levando a Palavra de Deus, a Boa Nova, aos nossos irmãos, seja com nossa própria maneira de viver, servindo de exemplo e testemunho para os nossos irmãos. Deus nos dá 24 horas diária de vida, por que não retribuir parte desse tempo, meditando e levando a Tua Palavra aos nossos irmãos, com amor e fidelidade, e, nos colocando a serviço dos mais necessitados e excluídos da sociedade.

Aclamação ao Evangelho Mt 8,17
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. O Cristo tomou sobre si nossas dores, carregou em seu corpo as nossas fraquezas. (R.)

Evangelho: Curou muitas pessoas de diversas doenças
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,29-39: Naquele tempo, 29 Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31 E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los. 32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era. 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37 Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38 Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39 E andava por toda a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios. Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: E pôs-se a servi-los
Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem. O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação. Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão. O gesto da sogra de Pedro, após ter sido curada, chama a atenção para um aspecto, às vezes negligenciado por quem foi objeto da misericórdia de Jesus. Como retribuir o benefício recebido, de forma a manifestar gratidão? Colocando-se a serviço do próximo. Não existe maneira melhor de mostrar-se grato ao Senhor. Seria pura ingratidão se alguém, que foi libertado ou curado de algum mal, levasse uma vida egoísta, pensando só em si mesmo. Os gestos de Jesus traziam a marca do amor, de alguém que estava voltado para as necessidades e carências do próximo. Por isso, estava sempre pronto a servir quem quer que fosse. As multidões procuravam-no, trazendo seus doentes e gente possuída pelo demônio. A ninguém ele despedia, sem antes libertá-los de seus males. Esta disposição de Jesus é uma lição de vida. A sogra de Pedro parece tê-la aprendido. Assim que se viu livre da febre, a qual poderia vir a ser fatal, pôs-se a servir Jesus e os discípulos que o acompanhavam. Servi-los, significou vir ao encontro de suas necessidades de missionários, cansados por causa das suas peregrinações por cidades e aldeias. Significou matar-lhes a fome, providenciar-lhes repouso, fazê-los recuperar as forças para continuar a missão. Esta foi a maneira concreta que ela encontrou para retribuir a graça recebida. Com a afirmação "logo que saíram da sinagoga, foram... para a casa de Simão...", o evangelista Marcos indica que Jesus descarta a sinagoga e afirma seu ministério no espaço da "casa". É a casa o lugar onde se reúne a nova comunidade e que se torna o centro de irradiação da missão. Na "casa", a mulher, libertada de sua exclusão, exerce a prática essencial das novas comunidades, que é o serviço. E é à porta da casa que se reúne a cidade inteira. Jesus não se deixa reter por uma comunidade particular. Seu ministério missionário é dirigido amplamente a toda a Galiléia e aos territórios vizinhos. As curas e exorcismos de Jesus são a expressão de sua identificação e solidariedade com os excluídos, empobrecidos e carentes de saúde e de condições dignas de vida.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

4º. Domingo do Tempo Comum - Ano B - Dia 29/01/2012 - Cor: Verde


Primeira Leitura: Farei surgir um profeta e porei em sua boca as minhas palavras
Leitura do Livro do Deuteronômio 18,15-20: Moisés falou ao povo dizendo: 15 "O Senhor teu Deus fará surgir para ti, da tua nação e do meio de teus irmãos, um profeta como eu: a ele deverás escutar. 16 Foi exatamente o que pediste ao Senhor teu Deus, no monte Horeb, quando todo o povo estava reunido, dizendo: 'Não quero mais escutar a voz do Senhor meu Deus, nem ver este grande fogo, para não acabar morrendo'. 17 Então o Senhor me disse: 'Está bem o que disseram. 18 Farei surgir para eles, do meio de seus irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei em sua boca as minhas palavras   e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe mandar. 19 Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome. 20 Mas o profeta que tiver a ousadia de dizer em meu nome alguma coisa que não lhe mandei ou se falar em nome de outros deuses, esse profeta deverá morrer'". Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Farei surgir um profeta e porei em sua boca as minhas palavras
Todas as nações têm ideólogos que procuram preservar e dirigir a história e a sociedade de acordo com os interesses da classe dominante. Na antigüidade, essa função era exercida pelos adivinhos, astrólogos e magos, que as autoridades consultavam para tomar decisões importantes. O povo de Deus, porém, deve pertencer exclusivamente a Deus; por isso terá pessoas como Moisés, que orientarão para construir uma história e sociedade de acordo com o projeto do Deus do êxoto. Esse é o critério básico para distinguir entre o profeta e os ideólogos de uma sociedade contrária ao projeto de Deus.

Salmo Responsorial - 94(95),1-2.6-7.8-9             (R. 8)
R. Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus!
1 Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o rochedo que nos salva! 2 Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos! (R)
6 Vinde adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! 7 Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão. (R)
8 Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: "Não fecheis os corações como em Meriba, 9 como em Massa, no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras". (R)

Comentário: Escutem o que Deus fala
Oração de louvor, com advertência em estilo profético.
O motivo de louvor é o próprio Deus vivo que criou o mundo e está acima de todos os deuses das nações e seus projetos. Ele é o soberano do universo que criou o povo e se aliou a ele, dirigindo-o na história como pastor. Deus deu a terra ao povo. Seu usufruto, porém, depende da fidelidade ao projeto dele. Se a infidelidade dos antepassados impediu que eles entrassem na terra da liberdade e da vida, a infidelidade da geração atual poderá perdê-la. Por isso, devemos viver segundo o projeto que Deus tem para a nossa vida, pois, com certeza, Deus é sempre fiel e misericordioso com todos nós.

Segunda Leitura: A jovem solteira se ocupa com as coisas do Senhor, para ser santa
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 7,32-35: Irmãos: 32 Eu gostaria que estivésseis livres de preocupações. O homem não casado é solícito pelas coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor. 33 O casado preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar à sua mulher 34 e, assim, está dividido. Do mesmo modo, a mulher não casada e a jovem solteira têm zelo pelas coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e espírito. Mas a que se casou preocupa-se com as coisas do mundo e procura agradar ao seu marido. 35 Digo isto para o vosso próprio bem e não para vos armar um laço. O que eu desejo é levar-vos ao que é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações.  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: A jovem solteira se ocupa com as coisas do Senhor, para ser santa
Para a Igreja primitiva eram iminentes o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus. É nessa perspectiva que podemos compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e à virgindade: se o fim está próximo, para que se casar e ter filhos? Na visão de Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como maneira de empenhar-se totalmente no testemunho do Evangelho. Jesus já destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas sem o impor. (cf. Mt 19,10-12). Por outro lado, o projeto de Deus, no matrimônio, o homem está de tal forma unido à sua mulher a ponto de formar "uma só carne". Esta expressão revela a profundidade da comunhão que o matrimônio estabelece entre os cônjuges. Separá-los seria dividir em dois o corpo humano. Coisa impensável! Portanto, os discípulos do Reino devem precaver-se contra a profanação do matrimônio. É loucura querer destruir a obra de Deus. Aos casais cristãos, a responsabilidade de conservar essa união!

Aclamação ao Evangelho Mc 4,16
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. O povo que jazia nas trevas viu brilhar uma luz grandiosa; a luz despontou para aqueles, que jaziam nas sombras da morte.   (R)

Evangelho: Ensinava como quem tem autoridade
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,21-28: 21 Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da lei. 23 Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24 "Que queres de nós, Jesus nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o santo de Deus". 25 Jesus o intimou: "Cala-te e sai dele!" 26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27 E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia. Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário do Evangelho: Jesus vence a alienação
A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas, etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo. Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei. A pergunta desesperada do homem possuído por um espírito imundo revela a incompatibilidade radical que existe entre Jesus e tudo quanto lhe é contrário. A frase “Que temos nós contigo, Jesus de Nazaré?” pode ser assim desdobrada: “Que existe em comum entre nós?”; “O que você está querendo fazer conosco?”; “Qual a sua intenção a nosso respeito?”. Evidentemente, entre Jesus e o espírito imundo nada havia em comum. Um libertava o ser humano, o outro o escravizava. Um recuperava as pessoas para Deus, já o outro as afastava sempre mais do projeto do Pai, numa aberta afronta a ele. Um restaurava no coração humano o sentido da vida fraterna e solidária, o outro, pelo contrário, gerava discórdia e divisão. Um encarnava a novidade da misericórdia de Deus, o outro insistia no caminho inconveniente da soberba. Por isso, a única intenção de Jesus era derrotar este espírito mau. À ordem do Mestre, ele deixou o possesso, depois de agitá-lo violentamente e fazer grande alarido. Esta é a imagem do que se passa no coração de cada um de nós: o mau espírito reluta em abandonar o espaço conquistado no nosso interior. Se não nos deixamos ajudar por Jesus, corremos o risco de permanecer escravos desse espírito do mal. O discipulado cristão exige que façamos a experiência de ser libertados pelo Mestre, pois é impossível compatibilizá-lo com as forças do mal que agem dentro de nós. A autoridade com que Jesus falava e realizava milagres chamava a atenção das pessoas. Embora houvesse muitos mestres e se tivesse notícia de indivíduos capazes de operar prodígios, ele se distinguia de todos os demais. Não era um milagreiro qualquer, nem um rabi como tantos outros. Em que consistia a sua originalidade? As palavras e a ações de Jesus apontavam para algo que o superava. Não correspondiam àquilo que se podia esperar de um ser humano comum. Por exemplo, o modo como se defrontava com os espíritos imundos, e os submetia destemidamente, tinha algo de insólito. O segredo de tudo isto é que Jesus era detentor de um poder, recebido de Deus. Era o Pai mesmo quem agia por meio do Filho. Por isso, o povo percebia existir algo de especial no que ele fazia. O próprio Jesus afirmava não agir por conta própria, e sim, por iniciativa divina. Jamais dissera estar nele a fonte de seu poder. Antes, buscava sempre levar seus ouvintes e espectadores a atribuir a Deus tudo o que viam e ouviam. As ações do Mestre eram verdadeira revelação do Pai. Ao constatar que Jesus ensinava, com autoridade, uma doutrina nova, as pessoas podiam reconhecer, logo, a ação de Deus no meio delas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

3º DTC - Ano B - Dia 22/01/2012 - Cor: Verde


Primeira Leitura: Os ninivitas afastaram-se do mau caminho
Leitura da Profecia de Jonas 3,1-5.10: 1 A palavra do Senhor foi dirigida a Jonas, pela segunda vez: 2 "Levanta-te e põe-te a caminho da grande cidade de Nínive e anuncia-lhe a mensagem que eu te vou confiar". 3 Jonas pôs-se a caminho de Nínive, conforme a ordem do Senhor. Ora, Nínive era uma cidade muito grande; eram necessários três dias para ser atravessada. 4 Jonas entrou na cidade, percorrendo o caminho de um dia; pregava ao povo, dizendo: "Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída". 5 Os ninivitas acreditaram em Deus; aceitaram fazer jejum, e vestiram sacos, desde o superior ao inferior. 10 Vendo Deus as suas obras de conversão e que os ninivitas se afastavam do mau caminho, compadeceu-se e suspendeu o mal, que tinha ameaçado fazer-lhes, e não o fez.  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!
Comentário: Os ninivitas se afastavam do mau caminho
Uma nova ordem de Deus, e dessa vez Jonas obedece. Nínive é o símbolo do mundo pagão; por isso, é apresentada com dimensões incrivelmente vastas. O profeta ainda não mudou de idéia sobre os pagãos: sua pregação só apresenta ameaças. Todavia, vemos em Nínive aquilo que nenhum profeta conseguiu em Israel: os pagãos se arrependem e se convertem, participando da penitência inclusive os animais. Como é que Deus poderia negar o perdão a essa gente mais sensata que o povo de Israel? Se nos pusermos do lado de Jonas, deveremos recordar que Nínive, isto é, o mundo, os outros, os não-cristãos, estão dentro dos confins do amor de Deus; que Deus não quer condená-los, mas salvá-los; que Deus "vela paternalmente sobre todos, quis que todos os homens constituíssem uma só família e se tratassem mutuamente como irmãos". O livro de Jonas exorta o povo de Deus a não se dobrar sobre si mesmo, não se fechar'; pensando ser a comunidade dos salvos, talvez perseguida pelos demais. Os cristãos foram escolhidos por Deus, não para um privilégio, e sim para um serviço. Fomos escolhidos por ele para testemunhar uma salvação oferecida a todos. Os habitantes de Nínive acolheram a palavra de Deus e converteram-se. Só poderemos proclamar o convite à conversão se pudermos dar testemunho de que ela tem significado para nós.

Salmo Responsorial - Sl 24(25),4ab-5ab.6-7bc.8-9 (R. 4a.5a)
R. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, vossa verdade me oriente e me conduza!
4a Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, b fazei-me conhecer a vossa estrada! 5a Vossa verdade me oriente e me conduza, b porque sois o Deus da minha salvação; (R)
6 Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e a vossa compaixão que são eternas! 7b De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia c e sois bondade sem limites, ó Senhor! (R)
8 O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores. 9 Ele dirige os humildes na justiça, e aos pobres ele ensina o seu caminho. (R)

Comentário: Do pecado à conversão
Súplica em estilo de reflexão sapiencial
Este salmo nos mostra que a situação é obscura. O salmista pede que Deus lhe abra perspectivas. Pede que seus erros involuntários não sejam empecilho para que Deus o trate com amor na situação angustiante em que se encontra. Não está claro qual seja a falta ou pecado. Em todo caso, é ocasião para uma tomada de consciência e conversão. O temor de Deus é a atitude própria de quem reconhece que Deus é Deus, e o homem não é Deus. Quando o homem reconhece que só Deus é o absoluto, passa a relativizar os projetos humanos e permanece aberto à contínua novidade do projeto de Deus.

Segunda Leitura: A figura deste mundo passa
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 7,29-31: 29 Eu digo, irmãos: o tempo está abreviado. Então que, doravante, os que têm mulher vivam como se não tivessem mulher; 30 e os que choram, como se não chorassem, e os que estão alegres, como se não estivessem alegres; e os que fazem compras, como se não possuíssem coisa alguma; 31 e os que usam o mundo, como se dele não estivessem gozando. Pois a figura deste mundo passa.   Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Matrimônio ou celibato?
Para a Igreja primitiva eram iminentes o fim do mundo e a manifestação final e gloriosa de Jesus. É nessa perspectiva que podemos compreender muitos conselhos referentes ao matrimônio, ao celibato e à virgindade: se o fim está próximo, para que se casar e ter filhos? Na visão de Paulo, a virgindade é vista como dom total da própria vida ao Senhor, como maneira de empenhar-se totalmente no testemunho do Evangelho. Jesus já destacava a grandeza do celibato na consagração radical a Deus e ao Reino, mas sem o impor (cf. Mt 19,10-12).

Aclamação ao Evangelho Mc 1,15
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. O Reino do Céu está perto! Convertei-vos, irmãos, é preciso! Crede todos no Evangelho! (R.)

Evangelho: Convertei-vos e crede na Boa-Nova!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 1,14-20: 14 Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para Galiléia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15 "O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!". 16 E, passando à beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17 Jesus lhes disse: "Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens". 18 E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19 Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20 e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus. Palavra da Salvação! - Glória, a Vós, Senhor!

Comentário: Os seguidores de Jesus
João Batista foi preso por Herodes que, como os chefes religiosos de Israel, temia a popularidade de João e a contestação que fazia do sistema opressor sob o qual o povo vivia. Após a prisão, Jesus retorna à Galiléia, que é um território predominantemente gentílico. Aí, Jesus desenvolve seu ministério, com o mesmo anúncio de João Batista, da proximidade do Reino e da conversão à justiça. Marcos, bem como Mateus e Lucas, narram o chamado dos primeiros discípulos às margens do Mar da Galiléia. O evangelho de João narra este chamado já na ocasião do batismo de Jesus, quando alguns discípulos de João Batista se dispõem a seguir Jesus. O chamado, narrado em estilo sumário, na realidade se fez em um clima de diálogo e conhecimento mútuo. Assim como Jesus abandonou sua rotina de vida em Nazaré, também seus discípulos abandonam seu antigo sistema de vida, não para fugirem do mundo, mas para iniciarem uma nova prática social alternativa, de justiça e paz. As primeiras palavras de Jesus apresentam a chave para interpretar toda a sua atividade; Cumprimento: em Jesus, Deus se entrega totalmente. Não é mais tempo de esperar. É hora de agir: o Reino é o amor de Deus que provoca a transformação radical da situação injusta que domina os homens. Está próximo: o Reino é dinâmico e está sempre crescendo. Conversão: a ação de Jesus exige mudança radical da orientação de vida. Acreditar na Boa Notícia: é aceitar o que Jesus realiza e empenhar-se com ele. O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora. Dois traços marcaram o ministério de Jesus desde os seus primórdios. Ele não foi um pregador solitário, apegado à tarefa recebida do Pai, sem partilhá-la com ninguém. Pelo contrário, quis contar com colaboradores que o ajudassem a levar a cabo sua missão. Os escolhidos foram pessoas simples, pescadores do lago da Galiléia, cujas vidas se transformaram totalmente, a partir do encontro com o Senhor. Eles foram convidados a deixar tudo e seguir o Mestre, que lhes deu como missão saírem pelo mundo, atraindo as pessoas para Deus. Um horizonte novo despontou para eles. O desafio lançado por Jesus foi acolhido com generosidade. Nada os impediu de romper com o mundo e seguir o Mestre. Outro traço do ministério de Jesus: ao chamar os discípulos e confiar-lhes uma missão, o Senhor deu a entender que sua obra deveria ser levada adiante e expandir-se, a partir da sementinha lançada por ele. Jesus anunciou a chegada do Reino e realizou sinais indicadores de sua presença. Durante sua vida terrena, não se poupou para fazer o Reino acontecer. Agora, cabia aos discípulos levar adiante o anúncio da Boa-Nova, para que o apelo do Reino atingisse a todos, sem distinção. Jesus colocou diante deles um mar diferente, a humanidade inteira, onde a função de pescadores haveria de continuar. Era hora de pescar muitas pessoas para Deus.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Quarta-Feira da 2ª Semana do Tempo Comum - Ano B - Dia 18/01/2012 - Cor: Verde

Primeira Leitura: Davi venceu o filisteu, com uma funda e uma pedra
Leitura do Primeiro Livro de Samuel 17,32-33.37.40-51: Naqueles dias, 32 Davi foi conduzido a Saul e lhe disse: "Ninguém desanime por causa desse filisteu! Eu, teu servo, lutarei contra ele". 33 Mas Saul ponderou: "Não poderás enfrentar esse filisteu, pois tu és só ainda um jovem, e ele é um homem de guerra desde a sua mocidade". 37 Davi respondeu: "O Senhor me livrou das garras do leão e das garras do urso. Ele me salvará também das mãos deste filisteu". Então Saul disse a Davi: "Vai, e que o Senhor esteja contigo". 40 Em seguida, tomou o seu cajado, escolheu no regato cinco pedras bem lisas e colocou-as no seu alforje de pastor, que lhe servia de bolsa para guardar pedras. Depois, com a sua funda na mão, avançou contra o filisteu. 41 Este, que se vinha aproximando mais e mais, precedido do seu escudeiro, 42 quando pôde ver bem Davi, desprezou-o, porque era muito jovem, ruivo e de bela aparência. 43 E lhe disse: "Sou por acaso um cão, para vires a mim com um cajado?" E o filisteu amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. 44 E acrescentou: "Vem, e eu darei a tua carne às aves do céu e aos animais da terra!" 45 Davi respondeu: "Tu vens a mim com espada, lança e escudo; eu, porém, vou a ti em nome do Senhor todo-poderoso, o Deus dos exércitos de Israel que tu insultaste! 46 Hoje mesmo, o Senhor te entregará em minhas mãos, e te abaterei e te cortarei a cabeça, e darei o teu cadáver e os cadáveres do exército dos filisteus às aves do céu e aos animais da terra, para que toda a terra saiba que há um Deus em Israel. 47 E toda esta multidão de homens conhecerá que não é pela espada nem pela lança que o Senhor concede a vitória; porque o Senhor é o árbitro da guerra, e ele vos entregará em nossas mãos". 48 Logo que o filisteu avançou e marchou em direção a Davi, este saiu das linhas de formação e correu ao encontro do filisteu. 49 Davi meteu, então, a mão no alforje, apanhou uma pedra e arremessou-a com a funda, atingindo o filisteu na fronte com tanta força, que a pedra se encravou na sua testa e o gigante tombou com o rosto em terra. 50 E assim Davi venceu o filisteu, ferindo-o de morte com uma funda e uma pedra. E, como não tinha espada na mão, 51 correu para o filisteu, chegou junto dele, arrancou-lhe a espada da bainha e acabou de matá-lo, cortando-lhe a cabeça. Vendo morto o seu guerreiro mais valente, os filisteus fugiram. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Davi venceu o filisteu, com uma funda e uma pedra
O texto deixa clara a superioridade bélica dos filisteus, bem simbolizada no tamanho e nas armaduras de Golias, que provocam medo e insegurança no povo israelita. Na boca de Davi, porém, manifesta-se a fonte de onde brotam a força e a coragem dos fracos: Deus está do lado deles e os ajuda a se organizar para vencer os poderosos. A confiança e esperteza de Davi mostram que o grande recurso do povo fraco e oprimido é a criatividade. O cristão é chamado a combater pondo toda sua confiança no Senhor, "minha Rocha que adestra minhas mãos para a luta". É necessário conhecer com clareza o objetivo e coordenar com firmeza o trabalho em nossa vida espiritual. "Esse governo de nós mesmos custa esforço, hoje mais do que nunca. Dentro e fora de nós, a cada momento, encontramos dificuldades. E muitas vezes as dificuldades tem aspecto ambíguo, são atraentes e tentadoras. Não foi sem motivo que o Senhor inseriu na sublime oração do 'pai-nosso' a humilde súplica. 'Não nos deixeis cair em tentação', o que equivale a pedir que ele não permita que sejamos interiormente enganados pelas aparências de bem, ou que sejamos sufocados pelos obstáculos à verdadeira liberdade da reta consciência, ou ainda que, levados pelas lisonjas, acabemos cedendo à aquiescência e à experiência do mal".

Salmo Responsorial Sl 143(144),1.2.9-10    (R. 1a)
R. Bendito seja o Senhor, meu rochedo!
1 Bendito seja o Senhor, meu rochedo, que adestrou minhas mãos para a luta, e os meus dedos treinou para a guerra!   (R)
2 Ele é meu amor, meu refúgio, libertador, fortaleza e abrigo; é meu escudo: é nele que espero, ele submete as nações a meus pés. (R)
9 Um canto novo, meu Deus, vou cantar-vos, nas dez cordas da harpa louvar-vos, 10 a vós que dais a vitória aos reis e salvais vosso servo Davi.  (R)

Comentário: Autoridade justa
Súplica do rei para que Deus o ajude na luta contra os inimigos do povo
Este salmo é um agradecimento ao Deus que lidera as lutas do povo. Para desempenhar sua função de defensor do povo, o rei reconhece as próprias limitações e recorre ao supremo Senhor. Confiante no auxílio de Deus, o rei promete a ação de graças. O maior pedido da autoridade não é para si mesma, mas para o povo a quem ela serve: prosperidade e partilha, força e coragem. Feliz o povo cuja autoridade política não tenta usurpar o lugar de Deus.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mt 4,23
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Jesus pregava a Boa nova, o Reino anunciado, e curava toda espécie de doenças entre o povo. (R.).

Evangelho: É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos - 3,1-6: Naquele tempo, 1 Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2 Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: "Levanta-te e fica aqui no meio!" 4 E perguntou-lhes: "É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?" Mas eles nada disseram. 5 Jesus, então, olhou ao seu redor; cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: "Estende a mão". Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6 Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo. Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: A mão recuperada
Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Ao mesmo tempo, partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte de Jesus: afinal, ele está destruindo a idéia de religião e sociedade que eles tinham. A deficiência física do homem encontrado por Jesus, na sinagoga, era mais grave do que, à primeira vista, se podia imaginar. Na antropologia bíblica, a mão está carregada de simbolismo. A partir deste universo simbólico é que se deve interpretar a situação do homem da mão ressequida. A mão está ligada à idéia de força e de poder. Estar na mão do outro significava estar sob o seu poder. Para falar do poder da língua, um provérbio bíblico refere-se à “mão da língua”. A expressão “salvar-se com as próprias mãos” tinha o sentido de salvar-se com as próprias forças. Diz-se que os habitantes de determinada cidade não puderam fugir, por ocasião de um incêndio, porque “as mãos não estavam com eles”, isto é, não tinham forças nem possibilidade de escapar. A mão direita era sinal de força, de sabedoria e de felicidade. Já a mão esquerda era sinal de fraqueza, de ignorância e de desgraça. Entende-se, assim, por que a iniciativa de cura foi de Jesus e não do homem doente. Este havia se tornado uma pessoa sem iniciativa e incapaz de lutar por seus direitos. Nestas condições, era vítima da desumanização. Curando-o, Jesus tomou a iniciativa de humanizá-lo, de fazê-lo voltar a ser gente, com força e poder para lutar pelos seus direitos. É como se tivesse sido recriado! Com a mão recuperada, estava novamente apto para fazer o bem. As narrativas de milagres de cura são o suporte para uma mensagem dominante. A cura do paralítico, logo no início do ministério de Jesus, era apenas um sinal do perdão dos pecados que Jesus anuncia. Na narrativa de hoje, temos a cura do homem com a mão seca. A cena se passa na sinagoga, em dia de sábado, em clima de conflito. Os chefes religiosos estão atentos para registrar um flagrante que lhes permita acusar formalmente Jesus. Jesus tem plena consciência da situação, mas não se intimida nem se omite. De maneira ostensiva, toma a iniciativa, mostrando consideração para com aquele excluído com a mão seca, pedindo a ele que se levante e venha para o centro. Está em questão a observância do sábado, no qual, segundo os critérios dos fariseus, Jesus não poderia curar. Com uma pergunta e curando o homem, Jesus caracteriza a sua prática e a prática dos chefes religiosos: ele vem para fazer o bem e salvar vidas, enquanto aqueles chefes se inclinam para o mal e a morte. Eles saem dali com a decisão de matar Jesus. Hoje vemos as maiores potências do mundo, que acumulam poder financeiro e militar, promovem a guerra. Os povos colocam a sua esperança em uma ética mundial para salvar a humanidade do caos e da destruição. Qualquer ética, seja religiosa ou secular, terá como fundamento o compromisso com a justiça e a fraternidade, levando a ações práticas de promoção da vida para todos.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

2º. Domingo do Tempo Comum - Ano B - Dia: 15/01/2012 - Cor: Verde


Primeira Leitura: Fala, Senhor, que teu servo escuta
Leitura do Primeiro Livro de Samuel - 3,3b-10.19: Naqueles dias, 3b Samuel estava dormindo no templo do Senhor, onde se encontrava a arca de Deus. 4 Então o Senhor chamou: "Samuel, Samuel!" Ele respondeu: "Estou aqui". 5 E correu para junto de Eli e disse: "Tu me chamaste, aqui estou". Eli respondeu: "Eu não te chamei. Volta a dormir!" E ele foi deitar-se. 6 O Senhor chamou de novo: "Samuel, Samuel!" E Samuel levantou-se, foi ter com Eli e disse: "Tu me chamaste, aqui estou". Ele respondeu: "Não te chamei, meu filho. Volta a dormir!" 7 Samuel ainda não conhecia o Senhor, pois, até então, a palavra do Senhor não se lhe tinha manifestado. 8 O Senhor chamou pela terceira vez: "Samuel, Samuel!" Ele levantou-se, foi para junto de Eli e disse: "Tu me chamaste, aqui estou". Eli compreendeu que era o Senhor que estava chamando o menino. 9 Então disse a Samuel: "Volta a deitar-se e, se alguém te chamar, responderás: 'Senhor, fala, que teu servo escuta!"' E Samuel voltou ao seu lugar para dormir. 10 O Senhor veio, pôs-se junto dele e chamou-o como das outras vezes: "Samuel! Samuel!" E ele respondeu: "Fala, que teu servo escuta". 19 Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras.   Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Fala, Senhor, que teu servo escuta
Narrando a vocação de Samuel, a Bíblia inicia grande lista dos profetas, cuja função é serem porta-vozes de Deus: eles anunciam claramente o que Deus está realizando ou vai realizar dentro da história. Neste relato, a função profética aparece em Israel antes de surgir e se formar o Estado com autoridade política central. A Bíblia quer mostrar que o profeta é aquele que mantém viva a consciência crítica de um povo: ele deve impedir que as autoridades políticas se absolutizem e oprimam o povo. O texto faz pensar na vocação de cada pessoa. Deus chama cada um de nós para exercer uma função dentro do seu projeto. Projeto esse que é voltado para a liberdade e a vida. Cada pessoa é um modo de Deus dizer a palavra que constrói a sociedade e a história. É preciso que cada um aprenda a distingüir a voz de Deus, sem confundi-la com a voz daqueles que produzem e mantêm uma estrutura de sociedade voltada para a escravidão e a morte. O episódio de Samuel é o trecho clássico do Antigo Testamento que manifesta o sentido da vocação profética. Deus confia aos homens missões particulares, sensibiliza-os diante de seu plano de salvação e torna-os disponíveis à sua vontade: "Falai, Senhor que vosso servo escuta". Aqueles que são chamados encontram nesse rapaz um modelo singular. Entretanto, parece importante salientar duas coisas. Nem sempre quem é chamado para tarefas importantes recebe sinais evidentes de sua escolha. Deus age normalmente através de causas segundas, pessoas, acontecimentos, encontros fortuitos. O que importa é saber reconhecer nas causas segundas a vontade de Deus e segui-la com humildade, mas também com coragem. Há um chamado para cada homem. Cada um tem um papel a desempenhar no mundo, na sociedade, na família em que vive. Mais importante ou menos importante, pouco importa; o que vale diante de Deus é desempenhá-lo com fidelidade. Um dos requisitos é saber escutar.

Salmo Responsorial - Sl 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R. 8a.9a)
R. Eu disse: "Eis que venho, Senhor!" Com prazer faço a vossa vontade.
2 Esperando, esperei no Senhor, e inclinando-se, ouviu meu clamor. 4a Canto novo ele pôs em meus lábios, 4b um poema em louvor ao Senhor. (R)
7 Sacrifício e oblação não quisestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. (R)
8a E então eu vos disse: “Eis que venho!” 8b Sobre mim está escrito no livro: 9 “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!” (R)
10 Boas novas de vossa justiça anunciei numa grande assembléia; vós sabeis: não fechei os meus lábios! (R)

Comentário: Anunciar a justiça de Deus
Oração de agradecimento, incluindo a súplica numa situação que acarreta perigo de vida.
Libertando o salmista de um perigo de morte, a ação de Deus torna-se motivo de confiança para a comunidade que participa do agradecimento. Por ocasião do agradecimento, costumava-se oferecer um sacrifício. Deus, porém, não quer sacrifício, e sim que o homem realize a vontade dele. Para isso, é preciso assimilar o projeto de Deus. (lei). Não basta assimilar. É preciso também anunciar a justiça de Deus, através da palavra e ação.

Segunda Leitura: Vossos corpos são membros de Cristo
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios - 6,13c-15a.17-20: Irmãos: 13c O corpo não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor é para o corpo; 14 e Deus, que ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará também a nós, pelo seu poder. 15a Porventura ignorais que vossos corpos são membros de Cristo? 17 Quem adere ao Senhor torna-se com ele um só espírito. 18 Fugi da imoralidade. Em geral, qualquer pecado que uma pessoa venha a cometer fica fora do seu corpo. Mas o fornicador peca contra o seu próprio corpo. 19 Ou ignorais que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que mora em vós e que vos é dado por Deus? E, portanto, ignorais também que vós não pertenceis a vós mesmos? 20 De fato, fostes comprados e por preço muito alto. Então, glorificai a Deus com o vosso corpo.  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Vossos corpos são membros de Cristo
Paulo enfrenta uma falsa concepção de liberdade, extremamente permissiva em questões de vida. Como princípio, ele salienta que nem tudo convém à condição cristã. Em outras palavras: o cristão deve saber discernir o que leva ao crescimento e à realização da pessoa humana. Uma vez que foi resgatado por Cristo para viver a liberdade, ele não deve deixar-se escravizar de novo, nem mesmo pelo próprio corpo. Devemos cuidar do nosso corpo, do nosso interior, purificando o nosso coração, pois, ele é o Templo do Espírito Santo.

Aclamação ao Evangelho Jo 1,41.17b
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Encontramos o Messias, Jesus Cristo, de graça e verdade ele é pleno; de sua imensa riqueza graças, sem fim, recebemos. (R.)

Evangelho: Foram, viram onde Jesus morava e permaneceram com ele
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,35-42: Naquele tempo, 35 João estava de novo com dois de seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: "Eis o cordeiro de Deus!" 37 Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. 38 Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: "O que estais procurando?" Eles disseram: "Rabi (que quer dizer mestre), onde moras?" 39 Jesus respondeu: "Vinde ver". Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde. 40 André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus. 41 Ele foi logo encontrar seu irmão Simão e lhe disse: "Encontramos o messias" (que quer dizer Cristo). 42 Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas" (que quer dizer pedra). Palavra da Salvação! - Glória Vós, Senhor!

Comentário: O encontro com o Messias
“O que vocês estão procurando?” São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também a Simão, escolhido para ser a primeira pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra e o céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. João repete a apresentação de Jesus: "Eis o cordeiro de Deus!". Nessa expressão, que tem raízes na prática sacrifical do Primeiro Testamento, podemos ver uma inversão de sentido: no regime da Lei e do Templo, o sacerdote sacrificava um cordeiro para reparação de pecados contra as observâncias da Lei. Agora, Jesus, que vem anunciar o perdão dos pecados e a libertação da opressão da Lei, será sacrificado pelos sacerdotes que procuram manter seu poder e privilégios. A formação do discipulado de Jesus tem início entre os discípulos de João Batista. A partir do breve diálogo, dois discípulos vão onde Jesus morava e permanecem com ele. A adesão a Jesus se dá a partir de relações pessoais, em um processo comunitário. Ir e ver, o estar com Jesus, é fonte de experiência de Deus e nos move a nos comunicarmos com os irmãos, formando novas comunidades de vida. O encontro de Jesus com seus primeiros discípulos é apresentado sob uma luz messiânica. Dois discípulos de João Batista, um dos quais era André, seguiram o novo Mestre, assim que foram informados tratar-se do "Cordeiro de Deus". Encontrando-se com Simão Pedro, André, seu irmão, anuncia-lhe ter encontrado o Messias. O desejo de conhecer Jesus fez com que os dois primeiros discípulos o seguissem e ficassem com ele um dia inteiro. Foram movidos por um interesse que ia muito além de constatar as condições de vida do novo Mestre. Eles queriam averiguar em que sentido ele era o "Cordeiro de Deus". O diálogo com Jesus serviu para esclarecer sua condição de enviado, com a tarefa precisa de reconciliar a humanidade pecadora com o Pai, eliminando o pecado que impede o ser humano de ter acesso a Deus. A libertação do passado continuava a se efetivar no presente, por meio do ministério de Jesus. Sua condição de "Cordeiro" era claro indicio de que a salvação comportaria sacrifício e morte. Se quisessem tornar-se discípulos seus, André e João deveriam considerar, desde já, este aspecto do discipulado. Convivendo com o Mestre, entenderam tratar-se do Messias. Por isso é que André, plenamente convicto, foi até seu irmão Simão para dar-lhe a notícia: "Nós encontramos o Messias". Movido por esta certeza, Simão não hesitou em deixar o antigo mestre, João Batista, e, começar um discipulado totalmente novo.