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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Liturgia do dia 09/11/2011


Quarta-Feira da 32ª STC - Ano A – Dia: 09/11/2011 - Cor: Branco
Dedicação da Basílica do Latrão

Primeira Leitura: Vi sair água do lado direito do templo, e todos os que esta água tocou foram salvos
Leitura do Livro de Ezequiel: 47,1-2.8-9.12: Naqueles dias, 1 o anjo fez-me voltar até a entrada do templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do templo, a sul do altar. 2 Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até à porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. 8 Então ele me disse: "Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. 9 Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. 12 Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio".  Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Vi sair água do lado direito do templo
O futuro radioso que espera o povo eleito tem sua raiz na renovação espiritual, em sua santidade, da qual o templo (e o culto) será a fonte inexaurível: a água que corre do lado direito do templo torna-se um rio. Na mente de Ezequiel esta imagem se cobre de várias realidades. É uma recordação: o paraíso terrestre de Gn 2; é uma realidade geográfica: o curso do Cedron e as várias fontes que trarão maior fertilidade a toda a região; é um projeto real: o de Ezequias com instalações hidráulicas, semelhantes às obras de irrigação de Babilônia; é utopia: o sonho nunca se realizará na realidade geográfica. Mas a visão é, sobretudo simbólica: uma prosperidade de ordem espiritual dada à terra por favor de Deus a seu povo. Essa graça será dada na pessoa de Cristo, encarnado para nossa salvação: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba; rios de água viva jorrarão do seio daquele que crê em mim" (Jo 7,37-38). A Eucaristia é a fonte que assegura à Igreja a exuberância de vida. Não foi sem motivo que o Vaticano II colocou na base da renovação da Igreja a renovação da liturgia, que tem na Eucaristia sua fonte.

Salmo Responsorial: Sl 45(46),2-3.5-6.8-9 (R. 5)
R. Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
2 O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; 3 assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares. (R)
5 Os braços de um rio vêm trazer alegria à cidade de Deus, à morada do altíssimo. 6 Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la. (R)
8 Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! 9 Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo. (R)

Comentário: Deus está conosco
Hino a Jerusalém, provavelmente depois que o exército de Senaquerib se retirou no ano 701 a.C. (cf. 2Rs 18,13-19,37)
Este salmo nos mostra que Deus, o Deus Criador e Senhor da história, está em aliança com o seu povo, protegendo-o contra as forças do caos, que são as nações inimigas. Exalta Deus como guerreiro que chefia as lutas do seu povo. O cerco da cidade compreendia o corte do fornecimento de água. Ao romper da manhã, o exército de Senaquerib bate em retirada, provavelmente atingido por uma peste. Sua derrota é vista como vitória de Deus (2Rs 19,35-37).

Aclamação ao Evangelho: 2Cr 7,16
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Esta casa eu escolhi e santifiquei, para nela estar meu nome para sempre. (R)

Evangelho: Jesus estava falando do Templo do seu corpo
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João: 2,13-22: 13 Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 14 No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15 Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16 E disse aos que vendiam pombas: "Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!". 17 Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: "O zelo por tua casa me consumirá". 18 Então os judeus perguntaram a Jesus: "Que sinal nos mostras para agir assim?" 19 Ele respondeu: "Destruí este Templo, e em três dias o levantarei". 20 Os Judeus disseram: "Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?" 21 Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 22 Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.   Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: As coisas de Deus
Para os judeus, o Templo era o lugar privilegiado de encontro com Deus. Aí de colocavam as ofertas e sacrifícios levados pelos judeus do mundo inteiro, e formavam verdadeiro tesouro, administrado pelos sacerdotes. A casa de oração se tornara lugar de comércio e poder, disfarçados em culto piedoso. Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas. Predizendo a ruína do Templo, ele mostra que essa instituição religiosa já caducou. Doravante, o verdadeiro Templo é o corpo de Jesus, que morre e ressuscita. Deus não quer habitar em edifícios, mas no próprio homem. A imagem de Jesus com o chicote em punho, expulsando do templo de Jerusalém cambistas e comerciantes, não bate com a do Jesus manso e humilde transmitida, pelo imaginário cristão. Não é fácil pensá-lo irado e violento. Por que Jesus se indignou tanto diante do templo profanado? A resposta, à primeira vista, poderia ser: porque a casa do Pai foi transformada em mercado. A motivação, porém, parece ser outra: porque a religião estava sendo instrumentalizada e acabava acobertando injustiça e extorsão, especialmente, contra os mais pobres; porque o Pai havia sido transformado num deus conivente com a maldade; porque o templo, enquanto lugar da fraternidade e da acolhida, tinha sido transformado em ponto de exploração e enriquecimento ilícito; porque, enfim, a fé perdera a sua profundidade e os fiéis tinham-se tornado vítimas da ganância dos ricos. Nisto consistia a profanação da casa de Deus e da religião. E Jesus não suportava que as coisas do Pai fossem tratadas assim. A profanação das coisas divinas, porém, iria atingir seu grau mais elevado, com a morte ignominiosa de Jesus na cruz. Matar o Filho de Deus correspondia à determinação de destruir o verdadeiro templo. Jesus, porém, estava seguro de que o templo-Filho seria reconstruído. O templo material, ao invés, estava fadado à ruína completa. No evangelho de João percebe-se uma exaltação dos samaritanos e uma censura aos judeus. Assim, por um lado, temos a narrativa do diálogo de Jesus com a mulher samaritana, em pleno dia, à beira do poço, que termina com todos os moradores desta região da Samaria vindo aclamar Jesus, professando nele sua fé. Por outro lado, Nicodemos, um dos chefes dos fariseus, vem conversar com Jesus, ocultando-se na penumbra da noite, e não entende a sua mensagem. O evangelho de hoje menciona que estava próxima a Páscoa "dos judeus", dando a entender que Jesus se distancia do sistema religioso que a promove, sediado em Jerusalém. Nesta primeira viagem de Jesus a Jerusalém o destaque é a perda de sentido do Templo. Em vez de lugar de oração, o Templo tornou-se um lugar de comércio e exploração do povo piedoso. A situação não era nova, pois o profeta Jeremias, muito tempo antes, já fizera tal denúncia (Jr 7,11). O culto no Templo, com o acesso de multidões de peregrinos durante o ano, era fonte de riqueza para o comércio em Jerusalém e, principalmente para a casta religiosa, que recolhia imensos valores como dízimos, ofertas, e sacrifícios dos fieis. O Templo, desde sua primeira construção por Salomão, tinha um anexo, o Tesouro (ou Gazofilácio), onde eram acumuladas estas riquezas. Com Jesus a presença de Deus não está no Templo, mas sim no próprio Jesus e em cada membro da comunidade que vive o serviço e a partilha, com amor e misericórdia.

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