Leitura do Livro do Profeta Isaías 43,18-19.21-22.24b-25:
Assim fala o Senhor: 18 “Não relembreis coisas passadas,
não olheis para os fatos antigos. 19 Eis que eu farei coisas novas,
e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no
deserto e farei correr rios na terra seca. 21 Este povo, eu o criei
para mim e ele cantará meus louvores. 22 Mas tu, Jacó, não me
invocaste, e tu, Israel, de mim te fatigaste. 24b Com teus pecados,
trataste-me como servo, cansando-me com tuas maldades. 25 Sou eu, eu
mesmo, que cancelo tuas culpas por minha causa e já não lembrarei de teus
pecados”. Palavra do Senhor! - Graças a Deus!
Comentário: A nova libertação
Em comparação com o êxodo do Egito, a nova libertação é um
acontecimento bem mais grandioso: os exilados voltarão para a pátria por uma
estrada no deserto transformado em oásis. O povo liberto será testemunha da
ação de Deus na história. Deus não exige de seu povo sacrifício de animais ou
qualquer outro tipo de ofertas; ele não é um Deus que cansa e massacra o povo
com imposições culturais, mas está continuamente perdoando. O povo, sim, cansa
Deus com suas transgressões e pecados. Ora, a fidelidade a Deus não se mede
pela quantidade de cerimônias religiosas, mas por uma prática de vida que dá
testemunho da aliança com Ele.
Salmo Responsorial - Sl 40(41),2-3.4-5.13-14 (R. 5b)
R. Curai-me, Senhor,
pois pequei contra vós!
2 Feliz de quem pensa no pobre e no fraco: o Senhor
o liberta no dia no mal! 3 O Senhor vai guardá-lo e salvar sua vida,
o Senhor vai torná-lo feliz sobre a terra, e não vai entregá-lo à mercê do
inimigo. (R)
4 Deus irá ampará-lo em seu leito de dor, e lhe
vai transformar a doença em vigor. 5 Eu digo: “Meu Deus, tende pena
de mim, curai-me, Senhor, pois pequei contra vós!” (R)
13 Vós, porém, me havereis de guardar são e salvo
e me pôr para sempre na vossa presença. 14 Bendito o Senhor, que é
Deus de Israel, desde sempre, agora e sempre. Amém! (R)
Comentário: Deus cuida do abandonado
Oração de agradecimento pela libertação de uma enfermidade
grave.
Este salmo nos mostra que Deus protege aquele que cuida do
fraco e do indigente. Os pobres são o sacramento da presença de Deus. Relembra
também a súplica feita durante a doença. Vista como conseqüência do pecado, ela
provoca duros comentários de inimigos e até de amigos. Mas, o amor de Deus
restaura a honra do doente e lhe possibilita responder aos que o criticaram.
Deus jamais abandonará quem vive segundo a tua vontade e o teu projeto.
Segunda Leitura: Jesus nunca foi "sim-e-não", mas somente "sim".
Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 1,18-22:
Irmãos, 18 eu vos asseguro, pela fidelidade de Deus: O
ensinamento que vos transmitimos não é "sim-e-não". 19
Pois o Filho de Deus, Jesus Cristo, que nós - a saber: eu, Silvano e Timóteo -
pregamos entre vós, nunca foi "sim-e-não", mas somente "sim”. 20
Com efeito, é nele que todas as promessas de Deus têm o seu “sim” garantido.
Por isso também, é por ele que dizemos ''amem'' a Deus, para a sua glória. 21
É Deus que nos confirma, a nós e a vós, em nossa adesão a Cristo, como também é
Deus que nos ungiu. 22 Foi ele que nos marcou com o seu selo e nos
adiantou como sinal o Espírito derramado em nossos corações. Palavra do Senhor!
- Graças a Deus!
Comentário: Jesus nunca foi “sim-e-não”, mas somente “sim”
Paulo enaltece a plena coerência da doação de Jesus: ele é o
“sim” de Deus. Também a pregação do Apóstolo dói coerente do princípio ao fim:
não uma coisa hoje, outra amanhã. Os homens de hoje acham por vezes que seja
melhor mudar continuamente. Isso convém às coisas do consumo, às manifestações
externas do homem; mas a realidade profunda não pode mudar, sob pena de não
mais ser ela mesma. Isto responde à necessidade de “sinceridade” tão sentida
hoje, à recusa do compromisso. Pois bem, assim como Deus foi fiel aos homens no
Cristo, realizando a obra de salvação concebida em seu amor, assim também
devemos nós ser fiéis a Deus, mantendo a coerência de nossa proposta de amor.
Devemos ser “Amém”, ou seja, plena adesão à sua iniciativa, cumprindo o que nos
compete para sua total realização. Tal coerência é para todos os setores de
nossa vida: em casa, no trabalho, na sociedade, na Igreja. Ninguém é sincero
pela metade. Paulo a seguir, lembra o rito do batismo, que incorpora os fiéis a
Cristo, tornando-os participantes do mistério da Trindade.
Aclamação ao Evangelho - Lc 4,18
R. Aleluia, Aleluia,
Aleluia.
V. Foi o Senhor quem me mandou boas notícias anunciar; ao
pobre a quem está no cativeiro, libertação eu vou proclamar!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 2,1-12:
1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum.
Logo se espalhou a notícia de que ele estava em casa. 2 E
reuniram-se ali tantas pessoas, que já não havia lugar; nem mesmo diante da
porta. E Jesus anunciava-lhes a palavra. 3 Trouxeram-lhe, então, um
paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas não conseguindo
chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem em cima do
lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em que o
paralítico estava deitado. 5 Quando viu a fé daqueles homens, Jesus
disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". 6
Ora, alguns mestres da lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus
corações: 7 "Como este homem pode falar assim? Ele está
blasfemando: ninguém pode perdoar pecados, a não ser Deus". 8
Jesus percebeu logo o que eles estavam pensando no seu intimo, e disse:
"Por que pensais assim em vossos corações? 9 O que é mais
fácil: dizer ao paralítico: 'Os teus pecados estão perdoados', ou dizer:
'Levanta-te, pega a tua cama e anda'? 10 Pois bem, para que saibais
que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar pecados, disse ele ao
paralítico: 11 eu te ordeno: levanta-te, pega tua cama, e vai para
tua casa!” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua
cama, saiu diante de todos. E ficaram todos admirados e louvavam a Deus,
dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim.”
Palavra da Salvação! - Glória a
Vós, Senhor!
Comentário: Sob o peso do pecado
Depois de percorrer a Galiléia, Jesus volta a Cafarnaum.
Novamente a casa é centro de convergência da multidão. Jesus dirige-lhes a
palavra. As ações e diálogos que se seguem exprimem o núcleo do ensino e da
prática de Jesus: o amor misericordioso de Deus, com o perdão dos pecados. Os
escribas se escandalizam pois a casta religiosa de Jerusalém se apresentava
como únicos e legítimos representantes de Deus para perdoar os pecados,
mediante sacrifícios e ofertas. A acusação de blasfêmia será o motivo da
condenação final de Jesus pela casta religiosa que se sente ameaçada por sua
ação libertadora. À palavra de Jesus é sempre associada a sua prática
vivificante. Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para
libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os
males externos e visíveis. A oposição à Jesus começa: os doutores da Lei só se
preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A
ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora,
fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si. A insistência
sobre o tema do perdão dos pecados chama a atenção, na cena da cura do homem
paralítico. Assim que Jesus o vê descer através de um buraco aberto no teto,
declara que seus pecados estão perdoados. Esta declaração provoca alguns
escribas que estavam por perto. Para eles, a palavra do Mestre soava como uma
verdadeira usurpação de algo reservado exclusivamente a Deus. Portanto, Jesus
era um blasfemo! A maneira como ele rebate a maledicência dos escribas é
significativa: cura o paralítico para provar que “o Filho do Homem tem, na
Terra, o poder de perdoar os pecados”. O gesto poderoso de cura parece
insignificante diante do poder maior de perdoar os pecados. E Jesus, de certo
modo, parece sentir-se mais feliz por perdoar os pecados do que por curar. Por
quê? O perdão dos pecados tem, também, uma função terapêutica. Trata-se da cura
do ser humano na dimensão mais profunda de sua existência, ali onde acontece
seu relacionamento com Deus. Sendo esta dimensão invisível aos olhos, as pessoas
tendem a se preocupar mais com as dimensões aparentes de sua vida, buscando a
cura quando algo não está bem no âmbito corporal. Jesus vê além, preocupando-se
por libertar quem pena sob o peso do pecado, mais do que sob o peso da doença.
O primeiro é muito mais grave. Permanecer no pecado significa viver afastado de
Deus e correr o risco de ser condenado. Este é o motivo por que o Mestre, antes
de mais nada, quer ver o ser humano liberto de seus pecados.
Fonte: www.deusunico.com
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