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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Liturgia do dia 12 de Junho de 2011


Domingo de Pentecostes
Ano A - Dia 12/06/2011 - Cor: Vermelho

Primeira Leitura: Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar

Leitura dos Atos dos Apóstolos 2,1-11
1 Quando chegou o dia de pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2 De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. 3 Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. 5 Moravam em Jerusalém judeus devotos de todas as nações do mundo. 6 Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. 7 Cheios de espanto e de admiração, diziam: "Esses homens que estão falando não são todos galileus? 8 Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? 9 Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10 da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; 11 judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!"   Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
O relato é simbólico. De fato, quando o autor escreveu, as comunidades cristãs já se haviam espalhado por todas as regiões aqui mencionadas. Lucas quer mostrar o que está na base de qualquer comunidade cristã: o Espírito Santo faz lembrar, compreender e continuar o testemunho de Jesus (cf. Jo 14,26; 16,12-15). Pentecostes, celebrado cinqüenta dias depois da Páscoa, comemorava a Aliança e o dom da Lei. No novo Pentecostes, Deus entrega o seu Espírito, realizando a nova Aliança, dessa vez com toda a humanidade (doze nações). A “língua” da comunidade da nova Aliança é o testemunho de Jesus, ou seja, o Evangelho, cujo centro é o amor de Deus que reúne os homens, provocando relação e entendimento (o contrário de Babel: cf. Gn 11,1-9). Mas o testemunho provoca conflitos (versículo 13).

Salmo Responsorial - Sl 103(104),1ab.24ac.29.bc-30.31.34    (R. cf. 30)
R. Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai. Ou: Aleluia, Aleluia, Aleluia.
1a Bendize, ó minha alma, ao Senhor! b Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! 24a Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras! c Encheu-se a terra com as vossas criaturas!    (R)
29b Se tirais o seu respiro, elas perecem c e voltam para o pó de onde vieram. 30 Enviais o vosso espírito e renascem e da terra toda a face renovais.   (R)
31 Que a glória do Senhor perdure sempre, e alegre-se o Senhor em suas obras! 34 Hoje seja-lhe agradável o meu canto, pois o Senhor é a minha grande alegria!    (R)

Comentário: Hino ao Senhor da vida
Hino de louvor, cantando a grandeza de Deus, testemunhada no ciclo da natureza. É uma cópia adaptada do hino egípcio ao deus sol
Este salmo celebra a grandeza de Deus envolvido pela imensidão do universo. Mostrando o ritmo harmônico da natureza, em que coexistem pacificamente plantas, animais e seres humanos. Dia e noite delimitam o espaço do homem e das feras. Os versículos 24-26 contemplam a multiplicidade, beleza e imensidão das criaturas. Enquanto os animais se alimentam diretamente da natureza, o homem precisa transformá-la através do trabalho. O mistério da vida é visto como o mistério da respiração: sopro de Deus que cria, vivifica e renova. Neste louvor, o homem reconhece o mistério da natureza, descobrindo nele o próprio mistério de Deus.

Segunda Leitura: Fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 12,3b-7.12-13
Irmãos, 3b ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. 4 Há diversidade de dons; mas um mesmo é o Espírito. 5 Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. 6 Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. 7 A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. 12 Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. 13 De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: A Trindade gera a comunidade, e a comunidade é o Corpo de Cristo
A Trindade é a base sobre a qual a comunidade se constrói: nesta, toda ação provém do Pai, todo serviço provém de Jesus e todos os dons (=carismas) provém do Espírito. Cada pessoa na comunidade recebe um dom, ou melhor, é um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da ação, serviço e dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Paulo enumera apenas os carismas de direção e ensino. A lista não é completa, pois cada pessoa é um carisma para a comunidade toda. A imagem do corpo é usada para falar da unidade, diversidade e solidariedade que caracterizam a comunidade cristã. Essa é uma, porque forma o corpo de Cristo, dado que todos receberam o mesmo batismo e o mesmo Espírito, que produzem a comunhão e igualdade fundamental. Contudo, as pessoas são diferentes entre si; cada uma com sua originalidade contribui, de maneira indispensável, para a construção e crescimento de todos; portanto, não há lugar para complexos de superioridade ou inferioridade. O cimento da vida comunitária é a solidariedade, que faz todos voltar-se para cada um, principalmente para os mais fracos e necessitados, partilhando os sofrimentos e alegrias.

Aclamação ao Evangelho
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Vinde, Espírito Divino, e enchei com vossos dons os corações dos fiéis, e acendei neles o amor, como fogo abrasador!    (R)

Evangelho: Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-23
19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: "A paz esteja convosco". 20 Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21 Novamente, Jesus disse: "A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio". 22 E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos".   Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: A paz esteja com vocês
O medo impede o anúncio e o testemunho. Jesus liberta do medo, mostrando que o amor doado até à morte é sinal de vitória e alegria. Depois, convoca seus seguidores para a missão no meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objetivo da missão: continuar a atividade dele, provocando o julgamento. De fato, a aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério de discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação. João delimita bem o primeiro dia da ressurreição. A narrativa começa com a ida de Maria Madalena, "no primeiro dia da semana... de madrugada... quando ainda estava escuro...". Agora, "ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana", Jesus manifesta-se aos discípulos reunidos. É um dia completo, que começa com a insegurança do túmulo vazio e termina, em plenitude, com a presença de Jesus ressuscitado, com sua paz e o dom do Espírito Santo. Com este dia inaugura-se a plenitude dos tempos. Nesta narrativa de João, o dom do Espírito Santo se dá com o sopro de Jesus sobre os discípulos. A palavra "espírito" tem origem no Primeiro Testamento, com o significado do "sopro vital". É por esse "sopro vital" de Deus que surge a criação na narrativa de Gênesis. Nesse momento, Jesus comunica seu sopro vital, divino e santo, seu Espírito, aos discípulos. Lucas não o menciona na passagem paralela a esta, em seu evangelho. Ele opta por dar, em Atos dos Apóstolos, um grande destaque a tal comunicação do Espírito Santo, com uma impressiva narrativa, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). E é este Espírito que anima as novas comunidades em sua pluralidade de dons, porém formando um só corpo no seguimento e união com Jesus (segunda leitura). A ressurreição, com as aparições sucessivas, é confirmação de uma realidade que a antecede. É a comprovação da condição humana e divina de Jesus de Nazaré. Toda sua vida foi dom de amor a todos que conviveram com ele, em particular os discípulos ao longo dos três anos de seu ministério. Agora, os discípulos o percebem claramente. Jesus de Nazaré, filho de Maria, filho de Deus, é portador e comunicador da vida divina e eterna. Em continuidade, Jesus envia os discípulos. É o envio universal em missão. Os discípulos são enviados assim como Jesus o foi pelo Pai. A missão de Jesus foi comunicar o amor do Pai ao mundo. A seguir, soprando sobre os discípulos, Jesus lhes comunica o Espírito Santo, o qual, além de ser o portador da Paz, conduzirá os discípulos na missão de divulgar ao mundo o amor vivificante de Deus. Assim como Jesus não veio ao mundo para condená-lo, não cabe à comunidade a condenação. É à palavra anunciada que cabe o julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da prática da justiça, a qual tira o pecado do mundo e instaura o amor.

APROFUNDANDO NA PALAVRA: A Igreja vive no Espírito de Cristo
A solenidade de Pentecostes celebra um acontecimento capital para a Igreja: a sua apresentação ao mundo, o nascimento oficial com o batismo no Espírito. Complemento da Páscoa, a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração e na atividade dos discípulos; início da expansão da Igreja e princípio da sua fecundidade, ela se renova misteriosamente hoje para nós, como em toda assembléia eucarística e sacramental, e, de múltiplas formas, na vida das pessoas e dos grupos até o fim dos tempos. A "plenitude" do Espírito é a característica dos tempos messiânicos, preparados pela secreta atividade do Espírito de Deus que "falou por meio dos profetas" e inspira em todos os tempos os atos de bondade, justiça e religiosidade dos homens, até que encontrem em Cristo seu sentido definitivo.
O Espírito da aliança universal e definitiva
Não se pode deixar de ligar o acontecimento do Sinai com o de Jerusalém; a assembléia das doze tribos corresponde à dos apóstolos, novo Israel; fogo e vento manifestam a presença do Deus vivo; é dada a lei da aliança, lei de liberdade que qualifica os filhos de Deus. A aliança, não mais limitada a um povo escolhido para dar a conhecer o verdadeiro Deus, é aberta a todos os povos e a todas as raças; não mais caracterizada por um sinal na carne (a circuncisão), ela é espiritual e se exprime pela fé e o batismo (também o de desejo); não mais renovada por homens mortais no decorrer da história, é ela fundada sobre Cristo "que permanece eternamente". E precisamente por ser espiritual e definitiva, sua encarnação atual na Igreja do nosso tempo com suas instituições e nas diversas igrejas esparsas por toda a terra, com suas peculiaridades, tem valor sacramental (isto é, traz verdadeiramente a salvação), mas também relativo e caduco. E preciso, pois, não considerar absoluto e definitivo algo que não seja o próprio Espírito, realidade profunda e inexaurível de tudo o que constitui a vida da Igreja no tempo: ações sacramentais, hierarquia, ministérios e carismas, templos e lugares. (Podem-se reler diversos textos do Concílio a propósito do pluralismo na Igreja, da tradução da mensagem cristã nas diversas culturas, da adaptação litúrgica, da variedade de expressão artística).
O Espírito da fidelidade e da coragem
O batismo no Espírito ilumina a comunidade dos amigos de Cristo sobre seu mistério de Messias, Senhor e Filho de Deus; faz com que compreendam sua ressurreição como a plenificação dos planos de salvação de Deus, não só para o povo de Israel, mas para todo o mundo; leva-os a anunciá-lo em todas as línguas e circunstâncias, sem temer perseguições nem morte. Como os apóstolos, os mártires e todos os cristãos, que ouviram profundamente a voz do Espírito de Cristo, tornam-se testemunhas do que viram, do que foi transmitido e que experimentaram em sua existência. No mundo de hoje toda a nossa comunidade é chamada a colaborar com o Espírito da nova vida para renovar o mundo: tanto na atividade cotidiana como nas vocações extraordinárias. E isto, sem perder a coragem, porque "o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza" (Rm 8,26), corrige e incentiva nosso esforço, faz convergir tudo para o bem comum, porque todo dom (todo carisma) vem dele, único Espírito do Pai e do Filho.
Toda a nossa vida de cristãos está, portanto, sob o sinal do Espírito que recebemos no batismo e na crisma, nosso Pentecostes; nela devemos amadurecer os "frutos do Espírito" (Gl 5,22): amor, paz, alegria, paciência, espírito de serviço, bondade, confiança nos outros, mansidão, auto-domínio...
O Espírito da novidade em Cristo
"Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos.
Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se deifica" (Atenágoras).

Reflexão do dia: A paz esteja convosco”.
Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado e continuou: “Recebei o Espírito Santo...”.
Neste dia de Pentecostes, o texto do evangelho apresenta-nos a presença do Cristo Ressuscitado que cria uma nova humanidade. O cristianismo nasce da experiência comunitária da presença e da força do Ressuscitado. Essa presença implica a transcendência do tempo, mudando situações de vida, dando uma dimensão nova ao viver comum. Durante o encontro de Jesus com os discípulos, no primeiro dia da semana, dia da assembléia dominical, o Espírito de Deus é dado pelo ressuscitado para renovar os homens, purificando-os do pecado. A finalidade é levar os leitores à fé em Jesus, reconhecendo-o como Messias, Filho de Deus, e para que, continuando a crer, vivam a vida autêntica, inseridos na missão de Jesus, que é testemunhar o amor. E, por fim, a primeira comunidade teve o privilégio de ver e perceber o Ressuscitado, mas as gerações posteriores deverão crer pelo testemunho da fé. A nova criação é a luta pela justiça, permitindo a todos que tenham acesso à vida. A paz, a alegria, a certeza são os fundamentos dessa nova vida. A aceitação dos outros, até o perdão mais radical, é condição de uma nova humanidade. A recepção do dom do Espírito Santo leva as pessoas a saírem de si e a se comunicarem. O dom do Espírito é a teofania de Deus na comunidade, provocando a comunicação acessível a todos por intermédio do amor. O amor verdadeiro é presenciado não na busca de interesses de grupos, mas no testemunho real da participação e comunhão de todos.

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