Pesquisar

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Liturgia de 4ª feira da 1ª semana do Advento


Quarta-Feira da 1ª S.A. - Ano B – Dia: 30/11/2011 - Cor: Vermelho
Santo André, apóstolo

Primeira Leitura: A fé vem da pregação e a pregação se faz pela palavra de Cristo
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos 10,9-18: Irmãos, 9 se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. 10 E crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca que se consegue a salvação. 11 Pois a Escritura diz: "Todo aquele que nele crer não ficará confundido". 12 Portanto, não importa a diferença entre judeu e grego; todos têm o mesmo Senhor, que é generoso para com todos os que o invocam. 13 De fato, todo aquele que invocar o Nome do Senhor será salvo. 14 Mas como invocá-lo, sem antes crer nele? E como crer, sem antes ter ouvido falar dele? E como ouvir, sem alguém que pregue? 15 E como pregar, sem ser enviado para isso? Assim é que está escrito: "Quão belos são os pés dos que anunciam o bem". 16 Mas nem todos obedeceram à Boa Nova. Pois Isaias diz: "Senhor, quem acreditou em nossa pregação?" 17 Logo, a fé vem da pregação e a pregação se faz pela palavra de Cristo. 18 Então, eu pergunto: Será que eles não ouviram? Certamente que ouviram, pois a voz deles se espalhou por toda a terra, e as suas palavras chegaram aos confins do mundo".  Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: A salvação é para todos e é fácil
Não é preciso fazer grandes esforços (subir aos céu ou descer aos abismos) para conhecer a vontade de Deus, porque Deus veio ao nosso encontro em Jesus Cristo. O Evangelho da salvação é acessível a todos sem distinção, e está pronto para ser acolhido, a fim de libertar o homem e conduzí-lo para uma vida nova. Seu conteúdo fundamental é este: Jesus é o Senhor da vida, porque Deus o ressuscitou dos mortos. E esse anúncio supõe apenas que o homem acredite em Jesus, dê sua adesão a ele e o testemunhe na vida prática. Deus preparou tudo o que podia para conduzir Israel à salvação. Faltou apenas o último elo da corrente, justamente aquele que dependia da disposição de Israel: a fé. Esse povo, preparado para o encontro com Deus, não compreendeu sua palavra. Deus, então, foi encontrado por aqueles que não o procuravam, os pagãos. Cristo veio à terra em forma humana. Ninguém precisa trazê-lo de volta dentre os mortos, porque ele já foi ressuscitado. A salvação de Deus está disponível em Jesus Cristo. A palavra está em tua boca e em teu coração. A conclusão é que ninguém que põe sua fé em Jesus será confundido ou logrado. Todos serão salvos da mesma maneira: judeus e também pagãos. O importante é reconhecer e declarar Jesus como Senhor e Salvador.

Salmo Responsorial - Sl 18(19)A,2-3.4-5 (R. 5a)
R. Seu som ressoa e se espalha em toda a terra.
2 Os céus proclamam a glória do Senhor, e o firmamento, a obra de suas mãos; 3 o dia ao dia transmite esta mensagem, a noite à noite publica esta noticia. (R)
4 Não são discursos nem frases ou palavras, nem são vozes que possam ser ouvidas; 5 seu som ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do universo sua voz. (R)

Comentário: A ordem que Deus quer
Hino de louvor, em estilo sapiencial, enaltecendo a glória de Deus, que criou a ordem da natureza e do mundo humano
Este salmo nos mostra que a ordem e beleza do universo são como silencioso e contínuo louvor ao Criador. O homem humaniza a natureza, articulando esse louvor com suas próprias palavras. A harmonia do mundo humano é criada pela palavra de Deus. Esta, como lei ou instrução, ensina a humanidade a viver na fraternidade e na justiça. A harmonia criada por Deus pode ser perturbada ou destruída pelo orgulho, que gera todo tipo de erros e crimes. Essa harmonia da criação é convite para que o homem se converta e se torne íntegro.

Aclamação ao Evangelho Mt 4,19
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Vinde após mim, disse o Senhor, e eu ensinarei a pescar gente.   (R)

Evangelho: Imediatamente deixaram as redes e o seguiram
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 4,18-22: Naquele tempo, 18 quando Jesus andava à beira do mar da Galiléia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. 19 Jesus disse a eles: "Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens". 20 Eles, imediatamente deixaram as redes e o seguiram. 21 Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. 22 Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram. Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Companheiros na missão
O chamado dos primeiros discípulos é um convite aberto a todos os que ouvem as palavras de Jesus. Simão e André deixam a profissão; Tiago e João deixam a família... Seguir a Jesus implica deixar as seguranças que possam impedir o compromisso com uma ação transformadora. O chamado de Jesus deu uma guinada na vida de um grupo de pescadores do Mar da Galiléia. O Mestre os queria como companheiros na missão, para fazer deles pescadores de homens. O seguimento exigia várias rupturas. A mais imediata consistiu em "deixar as redes e o barco", seus instrumentos de trabalho, para assumir um tipo novo de atividade. A segunda diz respeito ao mundo familiar: os filhos "deixam o seu pai". Como consequência, devem deixar sua terra e suas tradições para se colocar a serviço de um projeto de alcance universal. A metáfora da pescaria sublinha aspectos importantes do exercício da missão. Enquanto pescadores de homens, deverão ser pacientes e perseverantes, quando os resultado do trabalho não corresponder ao esforço empregado. Deverão enfrentar, sem medo, as tempestades e as adversidades, quando no horizonte da missão despontar perseguição e morte. Deverão estar sempre dispostos para o trabalho, alimentados por uma forte dose de otimismo e de alegria. Sobretudo, deverão ser movidos pela esperança de, apesar das adversidades, ver seu trabalho reconhecido pelo Pai. A decisão de deixar tudo associava, definitivamente, os discípulos ao Mestre Jesus. Como o Mestre, estariam a serviço da implantação do Reino de Deus na história, esperando contemplar a vitória do bem, da verdade, da justiça, do perdão, da igualdade e do respeito por todos, sem distinção. Este foi o projeto de vida levado a cabo por Jesus, embora sua caminhada se concluísse com a morte de cruz. Por esse caminho, seguem também seus companheiros.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Liturgia Dominical do 1º Domingo do Advento


1º DA - Ano B – Dia: 27/11/2011 - Cor: Roxo

Primeira Leitura: Ah! se rompesses os céus e descesses!
Leitura do Livro do Profeta Isaías 63,16b-17.19b; 64,2b-7: 16b Senhor, tu és nosso Pai, nosso redentor; eterno é o teu nome. 17 Como nos deixaste andar longe de teus caminhos e endureceste nossos corações para não termos o teu temor? Por amor de teus servos, das tribos de tua herança, volta atrás. 19b Ah! se rompesses os céus e descesses! As montanhas se desmanchariam diante de ti. 64,2b Desceste, pois, e as montanhas se derreteram diante de ti. 3 Nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, jamais olhos viram que um Deus, exceto tu, tenha feito tanto pelos que nele esperam. 4 Vens ao encontro de quem pratica a justiça com alegria, de quem se lembra de ti em teus caminhos. Tu te irritaste, porque nós pecamos; é nos caminhos de outrora que seremos salvos. 5 Todos nós nos tornamos imundície, e todas as nossas boas obras são como um pano sujo; murchamos todos como folhas, e nossas maldades empurram-nos como o vento. 6 Não há quem invoque teu nome, quem se levante para encontrar-se contigo; escondeste de nós tua face e nos entregaste à mercê da nossa maldade. 7 Assim mesmo, Senhor, tu és nosso pai, nós somos barro; tu, nosso oleiro, e nós todos, obra de tuas mãos. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Ah! se rompesses os céus e descesses!
Este texto nos mostra que: diante do sofrimento, o povo relembra o passado com sua horas tristes e seus momentos de esperança, e dirige sua súplica a Deus, Pai e protetor de Israel, único que pode libertar seu filho da miséria. Para o povo, a libertação é uma questão de honra para Deus: que perdoe os filhos humilhados e lhes reavive a esperança.

Salmo Responsorial - Sl 79(80),2ac.3b.15-16.18-19 (R. 4)
R. Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos, para que sejamos salvos!
2a Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. 2c Vós que sobre os querubins vos assentais, aparecei cheio de glória e esplendor! 3b Despertai vosso poder, ó nosso Deus e vinde logo nos trazer a salvação! (R)
15 Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! 16 Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! (R)
18 Pousai a mão por sobre o vosso protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! 19 E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! (R)

Comentário: Deus restaura o seu povo
Oração coletiva de súplica, por ocasião de uma invasão inimiga
Este salmo nos mostra que Israel e José representam o reino do Norte, do qual se mencionam três tribos. Trata-se de uma súplica, talvez motivada pela invasão assíria, que destruiu o reino de Israel em 722 a.C. Os versículos 13-19 contém súplicas repetidas, apresentando o motivo para Deus agir: trata-se da tua videira, da tua vinha. A situação difícil é também momento para tomada de consciência e conversão.

Segunda Leitura: Esperamos a revelação de Nosso Senhor Jesus Cristo
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 1,3-9: Irmãos: 3 Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. 4 Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: 5 Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, 6 à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós. 7 Assim, não tendes falta de nenhum dom, vós que aguardais a revelação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 8 É ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até ao fim, até ao dia de nosso Senhor, Jesus Cristo. 9 Deus é fiel; por ele fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso. Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Nele fostes enriquecidos em tudo
Desde o início, Paulo já salienta o aspecto da unidade, que é um dos termos fundamentais da carta: o único Senhor das igrejas é Jesus Cristo. A evangelização da comunidade de Corinto foi completa: ela recebeu a riqueza do Evangelho e da sabedoria da vida cristã. Este é outro tema importante da carta. Resta à comunidade perseverar no testemunho de Jesus Cristo até o fim. O olhar de Paulo é lúcido. Alcança a realidade essencial do cristão. Ele sabe que os fiéis da comunidade de Corinto, apesar de suas taras, estão “santificados em Cristo Jesus” e são “chamados a ser santos”. Por esta vocação à santidade, Deus os enriqueceu de tudo. Esta riqueza, fonte de “doutrina e ciência”, é essencialmente comunhão com Cristo e desce às profundezas de Deus. Estimula o cristão a fazer da própria vida uma contínua busca de comunhão com Cristo ressuscitado. Certamente, não para viver mais comodamente, e sim para radicar em si o dom da própria vida e deixar-se transfigurar aos poucos, a fim de olhar os homens e a história com o próprio olhar de Deus. A “doutrina e a ciência” não são um “sistema” de pensamento, mas uma revolução interior, um movimento subterrâneo que leva os cristãos a tornarem-se homens de comunhão.

Aclamação ao Evangelho Sl 84,8
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!    (R)

Evangelho: Vigiai: não sabeis quando o dono da casa em
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 13,33-37: Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33 "Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. 34 É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. 35 Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36 Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. 37 O que vos digo, digo a todos: Vigiai!" Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Fiquem vigiando
Somente agora Jesus responde a pergunta dos discípulos (v. 4). Mas, em vez de dizer "quando" ou "como" acontecerá o fim, ele indica apenas como o discípulo deve se comportar na história. A tarefa do discípulo é testemunhar sem desanimar, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo por ele prometido impede, de um lado, que o discípulo se instale na situação presente; de outro, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável. O ano litúrgico, da Igreja, se antecipa ao ano civil. Com o Advento, que se inicia neste domingo, começa o ciclo litúrgico que durante as cinquenta e duas semanas do ano refaz a trajetória da vida de Jesus e das comunidades que formam a Igreja. Com a expectativa do nascimento de Jesus inicia-se o ano litúrgico. Nas celebrações eucarísticas, dominicais e feriais, se faz a releitura dos evangelhos e demais textos bíblicos ao longo do ano. As principais festas e os tempos litúrgicos se sucedem, recapitulando-se a vida de Jesus, aproximadamente em ordem cronológica. A liturgia do início e do fim do ano litúrgico destaca alguns textos no estilo escatológico, descritivo dos últimos tempos. Na perspectiva escatológica "tempo" (kairós) não é tomado como sucessão cronológica mas significa "ocasião", "oportunidade", "momento" (cf. Ecl 3,1-8). O próprio Marcos já registra no início de seu evangelho a proclamação de Jesus: "O tempo já se cumpriu" (Mc 1,15). Já se vive os últimos tempos. É o tempo do amor e da paz, é o momento do encontro com Jesus. A tônica do Advento é a vigilância para o reconhecimento de Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, entre nós. Os evangelhos deixam transparecer que os próprios discípulos que conviveram com Jesus, marcados pela cultura e religião da época, foram lentos em compreende-lo. Os que permanecem dormindo não reconhecem o tempo de Jesus que vem ao seu encontro. O mundo em que vivemos é envolvido por uma onda ideológica e eletromagnética que, como uma rede, mantém retidos a muitos em suas malhas. Onda de falsos valores em torno do "ficar rico", individualizando as pessoas e desprezando os pobres e pequeninos. Esses falsos valores são amplamente divulgados pelas ondas eletromagnéticas das TV's que atravessam todas as paredes, e pela mídia em geral. O desrespeito à dignidade humana gera a onda crescente de violência. Estar vigilantes é escapar das malhas dos poderosos deste mundo e reconhecer e aderir à mensagem libertadora e vivificante de Jesus que vem ao nosso encontro. É comprometer-se, alegres, com a prática da justiça, conforme os caminhos de Deus. O ano que desponta é o tempo da construção do mundo novo possível, pois é fiel o Deus que nos chama para realizar tal sonho.

APROFUNDANDO NA PALAVRA: Deus vem como Redentor
Um Deus salvador e redentor nos vem espontaneamente ao pensamento quando as coisas vão mal e uma situação é humanamente insolúvel. Mas estará certa essa concepção de Deus e de sua manifestação no meio de nós? Será justo pedir à sua onipotência que resolva nossos problemas? Não seria mais digno o homem aceitar sua derrota e desafiar um destino adverso com as próprias forças, em lugar de recorrer à força de Deus? Certamente, impõe-se uma purificação da imagem que temos de Deus; mas a afirmação de sua transcendência não leva a concluir que ele não se interesse por nós de modo concreto e imprevisível como o amor. Ele é um "Deus dos homens”, não o Deus cósmico distante e perfeito no seu ser divino. Fez-nos à sua imagem, e por isso a nossa identidade não pode prescindir de sua fisionomia; ele, que nos deu a vida, faz parte da nossa história, e por isso nosso futuro só se cumprirá mediante a realização do seu plano; ele nos criou livres e por isso não força as nossas decisões, mas intervém suavemente e espera com paciência que aceitemos dialogar com ele como pessoas."
Abrirá os céus e fará prodígios
Se Deus é "pai", se é "redentor", por que permite circunstâncias tão dolorosas e tolera filhos tão desobedientes? (v. 17). É a eterna pergunta da liberdade humana sobre a origem do mal, que o profeta não resolve; ele anuncia a intervenção de um Deus que abrirá os céus e fará na terra prodígios e maravilhas que recolocarão todas as coisas em seus lugares, castigando os inimigos. É necessário, pois, confiar em Deus para sair da infelicidade.
Muitas vezes nosso crescimento se faz sem uma referência explícita a ele, cuja presença discreta e cheia de amor nos envolve completamente; é de lamentar que sejam sobretudo as situações de fracasso, angústias e remorso que nos levem a dirigir-nos a ele, reconhecendo-o como criador, pai e redentor. Na pessoa de Cristo, Deus se manifestou a nós como aquele que se interessou de tal modo pelos homens que quis participar intimamente do nosso destino, e assim tornar-se o Deus próximo e familiar (com o risco de não ser reconhecido pelos seus), para revelar-nos nossa dignidade. O homem-Deus "Cristo Jesus" nos resgata aceitando ser totalmente disponível ao plano de Deus, não contar consigo, viver desprendido de toda segurança para se deixar invadir pelo mistério de Deus e estar em plena comunhão com ele.
Virá salvar-nos por meio do Filho
"O mundo se apresenta hoje ao mesmo tempo poderoso e fraco, capaz de fazer o melhor e o pior, enquanto diante dele se abre o caminho da liberdade ou da escravidão, do progresso ou do regresso, da fraternidade ou do ódio". O cérebro eletrônico oculta talvez em seus lóbulos mecânicos a solução de todos os problemas que angustiam o homem da nossa civilização: as relações trabalho-lazer, produção-consumo, riqueza-pobreza, fecundidade- mortalidade, progresso técnico-progresso social, autoridade- liberdade... serão talvez resolvidas por um cartão perfurado. Nasce aos nossos olhos um novo mundo ordenado e esterilizado, criado por um homem em plena posse de seus meios intelectuais e técnicos. Que necessidade há então de um Redentor? Para remir-nos de quê?
Essa idéia é o resultado de um ingênuo otimismo; cada dia o homem percebe estar renovando a construção da torre de Babel: um trabalho frenético sobre as areias movediças da divisão, do pecado, da morte. O cristão reconhece Deus como Pai e Redentor, e afirma que não é possível a libertação do pecado e do mal sem a intervenção de Deus. Mas desde que o Pai enviou seu Filho ao mundo, o cristão não espera mais os prodígios de um Deus que restabelece a ordem permanecendo de fora. Sabe que Deus age através do Filho; sabe que o "Redentor" colabora com o homem e dá à sua inserção no mundo um significado de salvação. Porque, como afirma Paulo (2ª leitura), "nele (Jesus Cristo) fostes cumulados de todas as riquezas, todas as da palavra e todas as do conhecimento".
Vigilantes, à espera da sua vinda
Se é assim que Deus vem, então torna-se evidente qual deve ser nossa atitude: abandonar-nos a Deus, dispor nossa vida na linha do serviço e da colaboração ao seu plano; não nos prender ao que é antigo e ultrapassado; estar prontos para a perene novidade de Deus; não dormir, mas vigiar com amor para reconhecê-lo em sua continua vinda (evangelho). Em sua vinda definitiva, quando houver terminado nossa aventura de "pobres", ser-nos-á revelada sua verdadeira face e nos será dada a plena comunhão de vida com nosso Deus, o Pai do Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lituriga do dia 23 de Novembro de 2011


Quarta-Feira da 34ª STC - Ano A – Dia: 23/11/2011 - Cor: Verde
São Clemente I, papa e mártir
São Columbano, abade

Primeira Leitura: Apareceram dedos de mão humana que iam escrevendo
Leitura da Profecia de Daniel 5,1-6.13-14.16-17. 23-28: Naqueles dias, 1 o rei Baltasar ofereceu um grande banquete aos mil dignitários de sua corte, tomando vinho em companhia deles. 2 Já embriagado, Baltasar mandou trazer os vasos de ouro e prata, que seu pai Nabucodonosor tinha tirado do templo de Jerusalém, para beberem deles o rei e os grandes do reino, suas mulheres e concubinas. 3 Foram, pois, trazidos os vasos de ouro e prata, retirados do templo de Jerusalém, e deles se serviram o rei e os grandes do reino, suas mulheres e concubinas; 4 bebiam vinho e engrandeciam seus deuses de ouro e prata, de bronze e ferro, de madeira e pedra. 5 Naquele mesmo instante, apareceram dedos de mão humana que iam escrevendo, diante do candelabro, sobre a superfície da parede do palácio, e o rei via os dedos da mão que escrevia. 6 Alterou-se o semblante do rei, confundiram-se suas idéias e ele sentiu vacilarem os ossos dos quadris e tremerem os joelhos. 13 Então Daniel foi introduzido à presença do rei, e este lhe disse: "És tu Daniel, um dos cativos de Judá, trazidos de Judá pelo rei, meu pai? 14 Ouvi dizer que possuis o espírito dos deuses, e que em ti se acham ciência, entendimento e sabedoria em grau superior. 16 Ora, ouvi dizer também que sabes decifrar coisas obscuras e deslindar assuntos complicados; se, portanto, conseguires ler o escrito e dar-me sua interpretação, tu te vestirás de púrpura, e levarás ao pescoço um colar de ouro, e serás o terceiro homem do reino". 17 Em resposta, disse Daniel perante o rei: "Fiquem contigo teus presentes e presenteia um outro com tuas honrarias; contudo, vou ler, ó rei, o escrito e fazer-te a interpretação. 23 Tu te levantaste contra o Senhor do céu; os vasos de sua casa foram trazidos à tua presença e deles bebestes vinho, tu e os grandes do reino, tuas mulheres e concubinas; ao mesmo tempo, celebravas os deuses de prata e ouro, de bronze e ferro, de madeira e pedra, deuses que não vêem nem ouvem, e nada entendem, e ao Deus, que tem em suas mãos tua vida e teu destino, não soubeste glorificar. 24 Por isso, foram mandados por ele os dedos da mão, que fez este escrito. 25 Assim se lê o escrito que foi traçado: Mâne, Técel, Pársin. 26 E esta é a explicação das palavras: Mâne: Deus contou os dias de teu reinado e deu-o por concluído; 27 Técel: foste pesado na balança, e achado com menos peso; 28 Pársin: teu reino foi dividido, e entregue aos medos e persas".   Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: Apareceram dedos de mão humana que iam escrevendo
No trágico banquete de Baltasar, sobre o qual desce inesperada e misteriosa a vingança divina, aparece a nobre altivez de Daniel, que não bajula o rei, mas pensa na justiça e no amor de seu Deus sempre presente na história. O triste destino de todos os que se colocam contra Deus, profanam o templo (também o templo do corpo humano), cometem sacrilégios e praticam a idolatria, é devidamente assinalado: deverão ceder o seu lugar de prestígio e domínio e o mal há de levá-los à catástrofe final. O amor à verdade, demonstrado por Daniel à causa da perda do favor e proteção dos poderosos, é rico de atualidade. A verdade liberta (Jo 8,32), produz confiança, constrói a comunidade, simplifica e melhora as relações pessoais, ajuda a busca, ocasiona o encontro com os irmãos e com Deus.

Salmo Responsorial - Dn 3,62-63.64.65.66.67 (R. 59b)
R. Louvai-o e exaltai-o pelos séculos sem fim!
62 Lua e sol, bendizei o Senhor!   (R)
63 Astros e estrelas, bendizei o Senhor!   (R)
64 Chuvas e orvalhos bendizei o Senhor!   (R)
65 Brisas e ventos, bendizei o Senhor!    (R)
66 Fogo e calor, bendizei o Senhor!    (R)
67 Frio e ardor, bendizei o Senhor!    (R)

Comentário: O Cântico de Azarias
Esse cântico de louvor, também presente só nos textos gregos, reúne trechos de salmos e convida a criação toda a um grandioso louvor. Provavelmente o cântico fez parte da liturgia na festa da libertação de Jerusalém e da consagração do Templo em 164 a. C. (cf. 1Mc 4,36-59; 2Mc 10,1-8).

Aclamação ao Evangelho Ap 2,10c
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Permanece fiel até a morte, e a coroa da vida eu te darei!   (R)

Evangelho: Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 21,12-19: Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12 "Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13 Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14 Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15 porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16 Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17 Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18 Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19 É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!"  Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Perseverança nas tribulações
A relação entre Deus e os homens continua através dos discípulos, que devem prosseguir a missão de Jesus pelo testemunho. Contudo, assim como Jesus encontrou resistência, também eles: serão perseguidos, presos, torturados, julgados e até mesmo mortos por continuarem a ação de Jesus. Mas não devem ficar preocupados com a própria defesa. O importante é a coragem de permanecer firmes até o fim. A perseguição e o sofrimento do discípulo são tidos por Jesus como sinais premonitórios do fim. O testemunho de seu nome atrairia de tal forma a ira dos inimigos que estes lançariam mão de toda sorte de maldade contra os seguidores do Mestre. Sofrimento, perseguição, prisões, acusações na sinagoga, morte e ódio era o que lhes aguardava. Até mesmo, a perseguição por parte dos próprios familiares. Tudo isso por causa da fidelidade ao Mestre Jesus. Era preciso, pois, avivar neles a chama da perseverança. Tarefa desafiadora! Não obstante isso, nos momentos mais difíceis os discípulos receberiam a ajuda divina, de forma que não precisariam preparar a própria defesa. Receberiam, também, uma sabedoria tão sublime, capaz de levá-los a convencer seus adversários. Além da perseverança, os discípulos necessitarão de uma grande fé em Deus. "Nem um só cabelo cairá de vossa cabeça", garante Jesus ao grupo de discípulos, facilmente contamináveis pelo medo. A luta, afinal de contas, é do Mestre. Os discípulos são unicamente seus mediadores. O Pai os protege, preservando-os do mal, porque é o Senhor. Ninguém como Deus tem nas mãos a vida dos discípulos, e, por conseguinte, tem o poder de livrá-los do mal. Em continuidade ao anúncio da destruição do Templo, Jesus fala sobre as perseguições que os discípulos sofrerão. Estas advertências, no evangelho de Mateus, estão inseridas na fala de Jesus ao fazer o envio missionário. As provações dos discípulos de Jesus têm um alcance escatológico, isto é, anteciparão não só a destruição de Jerusalém, mas também a própria Parusia. Os discípulos serão perseguidos, tanto pelas sinagogas judaicas, como por reis e governadores gentios. O testemunho, nas perseguições e diante dos tribunais, não é resultado da eloquência, mas, sim, do abandono confiante nas mãos de Deus. É o próprio Jesus é que dá ao discípulo as palavras adequadas a serem proferidas diante dos tribunais. Lucas tinha em mente o testemunho de Estevão e outros mártires. As comunidades dos discípulos, comprometidas com a missão, ao longo da história, têm vivido sob as diversas provações impostas pelos poderosos. A perseverança nas tribulações, suportadas em nome de Jesus, é o caminho para a vida.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

34º DTC - 20/11/2011


34º DTC - Ano A – Cor: Branco
Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

Primeira Leitura: Quanto a vós, minhas ovelhas, farei justiça entre uma ovelha e outra
Leitura da Profecia de Ezequiel 34,11-12.15-17: 11 Assim diz o Senhor Deus: "Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. 12 Como o pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os lugares em que forem dispersadas num dia de nuvens e escuridão. 15 Eu mesmo vou apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar - oráculo do Senhor Deus. 16 Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascentá-las conforme o direito". 17 Quanto a vós, minhas ovelhas, - assim diz o Senhor Deus - eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e bodes".   Palavra do Senhor! - Graças à Deus!

Comentário: O governo de Deus
Liberto das autoridades que dele abusam, o povo pode reconhecer que a verdadeira autoridade é o próprio Deus, que projeta liberdade e vida para todos. Desse modo, nasce um novo discernimento político: o povo aprende que só poderá construir uma sociedade justa e fraterna quando souber escolher governantes que façam do projeto de Deus o alicerce do seu próprio projeto.

Salmo Responsorial - Sl 22(23),1-3.5-6 (R. 1)
R. O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
1 O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. 2 Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, 3a e restaura as minhas forças. (R)
5 Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo, e com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda. (R)
6 Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos. (R)

Comentário: Deus hospeda o perseguido
Este salmo é uma oração de confiança de uma pessoa perseguida que se refugiou no Templo. Os temas do pastor (vv. 1-4) e do anfitrião (vv. 5-6) recordam a marcha pelo deserto e o dom da terra
A segurança junto a Deus se expressa com a imagem da ovelha cuidada pelo pastor. Junto a Deus, a pessoa adquire forças para enfrentar as situações mais adversas. Asilado no Templo, o peregrino experimenta a hospitalidade de Deus, que o acolhe, ampara e defende dos inimigos. Essa atitude de Deus é modelo para todas as comunidades que se comprometem com o projeto dele.

Segunda Leitura: Entregará a realeza a Deus-Pai, para que Deus seja tudo em todos
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 15,20-26.28: Irmãos, 20 Na realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. 21 Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. 22 Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23 Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. 24 A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. 25 Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26 O último inimigo a ser destruído é a morte. 28 E, quando todas as coisas estiverem submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.   Palavra do Senhor! - Graças a Deus!

Comentário: Deus será tudo em todos
Dois estados da humanidade se opõem: o pecado e a morte, dos quais Adão é o símbolo; a graça e a vida, realizadas em Cristo (cf. Rm 5,17-21). A partir do pecado, existem na sociedade forças e estruturas que invertem no destino humano, desagregando, pervertendo, e até mesmo levando os homens à morte. Cristo foi morto por essas estruturas, mas Deus o ressuscitou e lhe deu poder de destruí-las. Após vencer essas forças, também a morte será vencida; então, o triunfo será definitivo. Unida a Cristo, a humanidade estará de novo submetida a Deus e o Reino de Deus se manifestará completamente.

Aclamação ao Evangelho Cf. Mc 11,10          
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. É bendito aquele que vem vindo, que vem vindo em nome do Senhor; e o Reino que vem, seja bendito; ao que vem e a seu Reino, o louvor!   (R)

Evangelho: Assentar-se-á em seu trono glorioso e separá uns dos outros
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,31-46: Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 31 "Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35 Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36 eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. 37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40 Então o rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41 Depois o rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42 Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43 eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’. 44 E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro; ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45 Então o rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ 46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna". Palavra da Salvação! - Glória a Vós, Senhor!

Comentário: Salvos pela caridade
A descrição do juízo final é um alerta premente para a comunidade cristã, empenhada em dar testemunho de sua fé. Sublinhando o que acontece no final da caminhada terrena, o ponto visado é o presente da comunidade. Em última análise, é no agora de sua vida que vai se definindo a sorte futura de seus membros. O Mestre ensina que existe uma maneira correta e outra incorreta de buscar a salvação. Urge não se enganar! A maneira correta consiste em demonstrar um amor entranhado ao próximo, principalmente aos famintos, aos sedentos, aos estrangeiros, aos despojados de suas vestes, aos doentes e aos prisioneiros. Esta lista deve ser completada com todas as demais categorias de empobrecidos, marginalizados e aviltados em sua dignidade. Salva-se quem se dispõe a solidarizar-se com eles, vindo ao encontro de suas necessidades, tornando-se encarnação de Deus em suas vidas, de forma a revelar-lhes o quanto são amados pelo Pai. A maneira incorreta consiste em contentar-se com os bons propósitos, com palavreados vazios, com moralismos inconsistentes, com dogmatismos intransigentes e fanáticos. Quem se aferra a tais atitudes, desviando-se dos necessitados ou não tendo tempo para eles, será surpreendido com as severas palavras de condenação do Filho do Homem, revestido da dignidade de juiz universal. É mister buscar a caridade fraterna, único meio de atingir a comunhão com o Pai. Neste texto de Mateus, temos uma das mais sugestivas revelações de que o Reino de Deus já está presente entre nós. O "Filho do Homem" é a expressão da humanidade de Jesus. O Filho do Homem que já veio é Jesus, a partir de sua concepção no ventre de Maria. A sua nova vinda se dá quando nos fazemos próximos de nossos irmãos, particularmente dos mais carentes e necessitados. É o acontecimento escatológico. Quando damos de comer a quem tem fome, de beber a quem tem sede, quando acolhemos os sem-teto, visitamos os doentes e encarcerados, quando libertamos os oprimidos e promovemos a vida, realiza-se nosso encontro com Jesus, e nos inserimos no Reino do amor eterno do Pai.